Friday 12 December 2008

Trabalho cumprido



Tese entregue, trabalho cumprido!
Estou tão aliviada e cheia de energia, que mal consegui dormir de ontem pra hoje.
Hoje à noite, vamos ao pub. Tomar uma (coca-cola) pra comemorar. :-)
Mas chego no Brasil na terça-feira. E a comemoração continua...

Wednesday 5 November 2008

Morre lentamente...

"...quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajetos.
Quem não muda de marca,
não se arrisca a vestir uma nova cor
Ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco
e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da sua má sorte
ou da chuva incessante.
Morre lentamente quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior
que o simples fato de respirar."

Pablo Neruda

Friday 31 October 2008

Mistakes


"Maybe mistakes are what make our fate... without them what would shape our lives? Maybe if we had never veered off course we wouldn't fall in love, have babies, or be who we are. After all, things change, so do cities, people come into your life and they go. But it's comforting to know that the ones you love are always in your heart... and if you're very lucky, a plane ride away”
Carrie Bradshaw, Sex in the city

Thursday 16 October 2008

Tempo, tempo, mano velho...

O tempo tem sido algo que está muito presente ultimamente, no meu dia-a-dia e no meu pensamento. Não estou falando do clima. Estou falando realmente do tempo passando, os dias passando, as horas passando.

Os poucos minutos que estou tirando pra escrever esse post estão me enchendo de culpa porque não estou trabalhando ou dormindo, mas também sei que preciso de tempo pra dar notícias.
Uso o meu tempo pra tudo: muito trabalho, que está aparentando ser maior do que o tempo que eu tenho disponível; pra descansar, ver amigos, sair, me divertir...

Dou aula duas vezes por semana na universidade, nas quartas e quintas. Tenho que estar presente em uma reunião do departamento às terças. Pra relaxar, tenho aula de tango nas quartas à noite. Assisto meus programas favoritos na tv religiosamente. E sempre com o computador ligado, tentando adiantar alguma coisa da tese.

A noção da passagem do tempo é tão relativa que assusta. Conto os dias pra ir pra casa, e ele parece passar devagar. Conto os dias pra entrega da tese, e ele parece passar muito rápido. Sozinha aqui no apto, o tempo é uma lesma. Na universidade, ele é uma lebre assustada.

Sei que ele é assim com todos. Essa relatividade não é privilégio (ou infortúnio) meu. Mas pensar tanto nele deveria ser proibido.

"Time, where did you go?
Why did you leave me here alone?
Wait, don't go so fast
I'm missing the moments as they pass

Now I've looked in the mirror
and the world's getting clearer
So wait for me this time

I'm down
I'm down on my knees
I'm begging for all your sympathy
But you (I'm just an illusion)
you don't seem to care (I wish that I could)
You humble people everywhere (I don't mean to hurt you)

Now I've looked in the mirror
and the world's getting clearer
I'll take what you give me
Please know that I'm learning
So wait for me this time

I should've know better
I shouldn't have wasted those days
And afternoons and mornings
I threw them all away

Now this is my time
I'm going to make this moment mine
(I shouldn't have wasted those days)

I'll take what you give me
Please know that I'm learning
I've looked in the mirror
My world's getting clearer
So wait for me this time"

Chantal Kreviazuk

Tuesday 30 September 2008

A felicidade e o casal

“Lembrem-se de Proust em Em busca do tempo perdido: ‘Albertine presente, Albertine desaparecida...’ Quando ela não está presente, ele sofre atrozmente: está disposto a tudo para que ela volte. Quando ela está presente, ele se entedia: está disposto a tudo para que ela vá embora. Não há nada mais fácil do que amar quem não temos, quem nos falta: isso se chama estar apaixonado, e está ao alcance de qualquer um. Mas amar quem temos, aquele ou aquela com quem convivemos, é outra coisa! Quem não viveu essas oscilações, essas intermitências do coração? Ora amamos quem não temos, e sofremos com essa falta: é o que se chama de um tormento amoroso; ora temos quem já não nos falta e nos entediamos: é o que chamamos um casal. E é raro que isso baste a felicidade.

É o que Schopenhauer, como discípulo genial de Platão, resumirá bem mais tarde, no século XIX, numa frase que costumo dizer que é a mais triste da história da filosofia. Quando desejo o que não tenho, é a falta, a frustração, o que Schopenhauer chama de sofrimento. E quando o desejo é satisfeito? Já não é sofrimento, uma vez que já não há falta. Não é felicidade, uma vez que já não há desejo. É o que Schopenhauer chama de tédio, que é a ausência da felicidade no lugar mesmo da sua presença esperada. Você pensava: ‘Como eu seria feliz se...’ E ora o se não se realiza, e você é infeliz; ora ele se realiza, e você nem por isso é feliz: você se entedia ou deseja outra coisa. Donde a frase que eu anunciava e que resume tão tristemente o essencial: 'A vida oscila pois, como um pêndulo, da direita para a esquerda, do sofrimento ao tédio'. Sofrimento porque eu desejo o que não tenho e porque sofro com essa falta; tédio porque tenho o que, por conseguinte, já não desejo.”

André Comte-Sponville, em A Felicidade, Desesperadamente

Sou uma leitora assídua do fotolog de Carol Cigerza. Fui apresentada a esse livro do André Comte-Sponville através dessas leituras. E esse trecho do livro, que ela publicou no fotolog, é muito apropriado e atual para ser ignorado. Então resolvi postar aqui também.

Eu estou construindo aos poucos a minha teoria de que o problema é que nós colocamos a felicidade fora de nós mesmos, nas coisas e em outras pessoas. Por isso a vida oscila entre sofrimento (na falta de algo externo) e tédio (em não querer mais aquilo que já se tem).

Acho que nós confundimos felicidade com a adrenalina da conquista. Infelizmente, isso parece verdadeiro para todos nós. Mas, sem estar casado e feliz consigo mesmo, a vida vai seguir sendo uma monogamia (ou poligamia) consecutiva, onde sempre se precisa de mais e mais.

É, vamos continuar filosofando pra ver se a gente encontra uma saída.

Friday 19 September 2008

Parabéns a todos



Hoje, dia 19 de setembro, recebi uma notícia que estava esperando há algum tempo. Walberto, colega de núcleo de pesquisa e um dos meus melhores amigos, passou num concurso muito esperado e vai assumir como professor de avaliação psicológica da Universidade Federal do Ceará. Essa notícia foi recebida com muita alegria por todos os amigos e familiares, todos nós que acompanhamos a trajetória profissional de Walberto. Todos sabemos o quanto ele merece este emprego, e o quanto esta segurança financeira foi algo esperado e necessário.

Esses eventos de hoje me fizeram parar pra pensar em muita coisa. A ansiedade da espera e a alegria de receber a notícia parecem as mesmas, estando aqui ou estando no Brasil. Mas depois de alguns momentos, a gente descobre que não, não é a mesma coisa.

Por mais alegria que a notícia tenha me dado (e aqui vou abrir espaço pra reconhecer o meu egoísmo neste momento), me vi incrivelmente triste depois de alguns poucos minutos. Uma vontade enorme de chorar por não estar perto, por não estar compartilhando desses momentos tão especiais, por não estar perto das pessoas que eu amo.

Não é inveja, não é ciúme. É pura e exclusivamente uma necessidade urgente e vital de compartilhar esses momentos. De estar perto dos meus amigos. De me sentir parte dessa (de uma) comunidade. Porque felicidade só é real se for compartilhada.

Desde que cheguei aqui na Inglaterra, trabalhei bastante pra me sentir bem, pra sentir que tinha um propósito, que pertencia a este lugar durante este período. Entendo o propósito, sinto que faço parte disto tudo. E sou sincera quando digo que me encontrei aqui e encontrei o que vim procurar. Mas, ao mesmo tempo em que sei que moraria aqui por muitos anos se fosse possível, me vi dividida entre dois lugares: um tem a minha cabeça, o outro tem o meu coração. Não é natural estar tão longe da família.



Mesmo que não possa estar perto pra compartilhar, quero que Walberto e Sandra saibam o quanto estou feliz por essa conquista e o quanto eu gostaria de comemorar com eles essa vitória.

O professor Valdiney também está de parabéns. Não apenas Walberto, mas outros dois alunos, Josemberg e Sandra, também foram aprovados em concursos semelhantes em outras universidades. O BNCS está se tornando um grupo cada vez mais forte e os frutos já estão sendo colhidos.

Saudades de todos.
Chego em casa em breve.

Friday 12 September 2008

Madonna, Sticky & Sweet


Madonna Louise Ciccone Ritchie nasceu no dia 16 de agosto de 1958, em Bay City, Michigan. Ela começou a carreira de cantora em 1983 com o lançamento do primeiro cd, que leva seu nome.

CDs:
1983 - Madonna
1984 - Like a virgin
1986 - True blue
1987 - You can dance
1989 - Like a prayer
1990 - I'm breathless
1990 - The immaculate collection
1992 - Erotica
1994 - Bedtime stories
1995 - Something to remember
1997 - Evita
1998 - Ray of light
2000 - Music
2001 - Greatest hits volume 2
2003 - American life
2003 - Madonna Remixed and revisited
2005 - Confessions on a dance floor
2008 - Hard candy

Turnês:
1985 - "The Virgin Tour"
1987 - "Who's that girl"
1990 - "Blond ambition"
1993 - "The girlie show"
2001 - "Drowned"
2004 - "Re-invention"
2006 - "Confessions"
2008 - "Sticky & Sweet"

Eu tinha 6 anos de idade quando ela lançou o primeiro disco. Não tenho a menor idéia de quando comecei a acompanhar a carreira dela. O que eu sei é que ainda tenho guardados os discos de vinil de Like a Virgin, True blue e Like a prayer. Esses dois últimos são dois dos meus discos favoritos. Hoje, tenho todos os cds, incluindo as coletâneas. Assisti em dvd as turnês "Blond ambition", "The girlie show", "Drowned", "Re-invention" e "Confessions". Madonna foi uma das grandes responsáveis pelo meu amor por pop music. E por gostar de dançar. E por gostar de estudar e pesquisar sexualidade.



Ontem dia 11 de setembro de 2008, eu tive o prazer de assistir ao vivo a turnê mais recente, chamada "Sticky & Sweet". Nunca imaginei que isso fosse acontecer algum dia.



Eu e mais três amigos da universidade (a romena Letitia, a escocesa Julie e o grego Vagelis) saímos de Canterbury às 13h20 e chegamos no estádio às 16h30. Mais de 90 mil pessoas dentro do estádio de Wembley, em Londres. Dentre elas, alguns famosos: Gwyneth Paltrow, Kate Hudson, a cantora Fergie e Penélope Cruz foram fotografadas incessantemente antes do show começar. Quando as luzes se apagaram, todas as câmeras e todas as pessoas se voltaram para o palco.

O show começou às 21h e durou 2 horas. Vinte e três canções no repertório:



- Candy shop (abertura



- Beat goes on (com participação em vídeo de Kanye West)
- Human nature (com vídeo de Britney Spears)
- Vogue

Pausa para a diva trocar de roupa, com uma apresentação dos dançarinos ao som de Die another day

- Into the groove (a música mais vendida por Madonna no Reino Unido)
- Heartbeat (minha favorita do cd novo)
- Borderline (que ela transformou numa versão hard rock excelente)
- She's not me
- Music

Mais uma pausa, com os dançarinos ao som de Rain



- Devil wouldn't recognize you
- Spanish lesson
- Miles away



- La isla bonita (numa versão acompanhada por ciganos romenos, uma festa linda)



- You must love me (minha música favorita do musical Evita, simplesmente perfeita)

Última pausa, enquanto um vídeo sobre pobreza e aquecimento global era mostrado nos telões, lembrando a todos que é responsabilidade de cada um mudar o que está acontecendo.

- 4 minutes



- Like a prayer (chorei nesse momento do show)



- Ray of light (pulei e dancei feito uma maluca)
- Hung up (em versão hard rock)
- Versão a capella de Express yourself, acompanhada pelo público, depois de agradecer a Deus porque não choveu.
- Give it 2 me

Foram 2 horas perfeitas. Como só um show da Material Girl pode ser.

É claro que faltaram muitas músicas, mas era impossível esperar que ela cantasse todos os clássicos. Foi uma noite maravilhosa, uma experiência incrível e algo que eu vou lembrar por muito, muito tempo.

Wednesday 10 September 2008

"Viver é desenhar sem borracha."

Millôr Fernandes

Tuesday 2 September 2008

Coisas

Hoje está fazendo...
- 16 graus...

Estou ocupada com...
- a tese (não existe variação nesta resposta)

Acordei cedo para...
- nada. Acordei foi tarde, às 09h50 da manhã. Levantei e fui assistir Gilmore Girls, o meu vício matinal.

Tenho comido muita...
- besteira

Ontem eu preparei...
- bolo de fubá (ficou bom...)



Tenho ouvido o tempo inteiro...
- música clássica (ajuda a relaxar e concentrar na tese)

Acabei de ler...
- High fidelity, de Nick Hornby

Estou lendo...
- nada por enquanto... tentando me decidir qual o próximo livro

Filmes mais recentes...
- Mamma Mia (MUITO BOM!! Me acabei de rir nesse filme)
- Nausica of the valley of the wind (muito bom)
- Arthur and the invisibles (filme infantil legal)
- 27 dresses (muito bom)
- Happy-go-lucky (engraçado, com final estranho)
- Etre et avoir (documentário muito interessante)

Próximos filmes são...
- Rabbit proof fence (filme australiano, indicação da amiga Yvonne)
- Spiderwick (Filme infantil, indicação de Lauryn. Segundo ela, dá pesadelos...)

Site mais visitado ultimamente:
- Fabrício Carpinejar (http://www.fabriciocarpinejar.blogger.com.br/);

Saudade grande:
- de quem está distante

Foto mais recente:


Local: Casa de Erick, em Whitstable
Data: 30/08/08
Evento: preparação de escondidinho

Na foto, eu e Cadu brigando pela macaxeira.

Essa semana eu vou...
- fazer minha primeira aula de tango (quarta)
- jantar num restaurante tailandês, para conhecer o novo brasileiro que chegou aqui (quinta)

Quote:

"Too often the thing you want the most is the thing you can't have. Desire leaves us heart broken, it wears us out. Desire can wreck your life. But as tough as wanting something can be, the people who suffer the most are those who don't know what they want."

Grey's Anatomy

Friday 29 August 2008

Tempo de casado

por Fabrício Carpinejar

"Eu não consigo escrever de relógio de pulso. Aperta, esfria o sangue.

Não é problema com o tempo, é com o braço. Não me tolero amarrado a uma angústia.

Aceito relógio quando caminho. Não sei parar com ele. Eu sou um relógio de vogais.

Sentei aqui para redigir seu rosto.

Vou por partes, para não me entender mesmo. Sofrer é fazer que tudo tenha sentido.
Quando tudo tem sentido nada mais tem.

A alegria é não precisarmos de sentido afora estarmos juntos.
Um com o outro. Um no outro. Um para o outro.

Passo a concluir que a alegria é profunda e a tristeza é superficial.

A tristeza não cansa de ter razão. Quem tem razão, briga. Busca convencer. Não sairá do quarto sem a desistência da oposição. Consolar é concordar, igualando - com infelicidade - as opiniões.
O primeiro que se mostra contrário ao sofrimento não está apoiando.

A alegria é muito mais tolerante. Não pede concordância para continuar existindo.
Eu descobri o motivo da separação dos casais que ficam mais de dez anos, mais de quinze anos:

A exigência.

Falta-lhes humildade para recomeçar. Tornam-se extremamente exigentes. Impacientemente exigentes. Viveram tanto, com tantas dádivas para comparar que não aceitam menos do que foram.

Quando você me observa, está me comparando comigo dando força em sua gravidez, com o início festivo do namoro, com a espontaneidade da casa desmobiliada e um colchão no chão, com o amigo que falava sem cessar no restaurante para não desmerecer sua risada, com o amante seguro que dorme ao lado da porta para protegê-la.

Você não me observa mais, você me anula diante de todos os homens que já fui.
Vou pagando empréstimos com empréstimos.

Ainda me procura alinhado, mas sou sua roupa solta pelo sofá.

Cogitava, o que vivemos iria nos ajudar a continuar vivendo, como um reservatório de confiança. Na fraqueza, puxaríamos uma lembrança e logo nos sensibilizaríamos, selaríamos as pazes e diríamos que é bobagem continuar discutindo.

Mas o que ocorre é o inverso. O que nós vivemos nos atrapalha. Nos emperra. Nos empaca.
O marcador de página já faz sombra amarela no livro.

Os apaixonados têm mais facilidade em se aceitar do que nós. Porque eles não existiram antes para apontar falhas e descaminhos. Correm com a leitura. Serão receptivos, atentos e esperançosos. Há mais ânsia do que alma.

Não aconselho apagar o que fomos, e sim não repetir, não determinar o que é meu ou seu. Não buscar um insano consenso com o passado, ou uma coerência passiva. Admitir que ambos falharam na vida, mas que é infinitamente melhor do que falhar no amor.

Eu só desejava que você me olhasse como se fosse um desconhecido.
Que me cumprimentasse não sabendo mais nada de mim.
Nada, além da vontade de conhecê-la."

P.S.: I just wanna tell you that I understand...

Friday 22 August 2008

Uma fábula infantil para adultos

"Sempre quis ser feliz. Felicidade de árvore, puxar o galho pesado de frutos como quem abre um guarda-chuva para o rosto. Felicidade de rodar o corpo várias vezes até entontecer e deitar na grama para observar as nuvens. Aquela tontura era quando meus lábios tiravam as sandálias.

Quando não previa que era feliz, a felicidade não terminava.

Ao conhecer a felicidade, passei a defendê-la. Passei a me acostumar com ela e procurá-la onde já a tinha encontrado. Não procurava onde não a conhecia. Eu gastava a felicidade de antes. A felicidade que existia dentro da felicidade. Não a felicidade que existia fora da felicidade, que também poderia ser minha.

Minha felicidade logo virou a desconfiança de que os demais cobiçavam a minha felicidade. Logo virou a suspeita de que não poderia ser feliz, obrigado a me conter. Caso demonstrasse, estaria esnobando. Alertando os ladrões. Não podia sair mais com a minha felicidade. Escondia em casa, atrás dos livros.

Sem felicidade, aprendi a viver com a lembrança dela. Estava quase feliz, remotamente feliz, pois poderia retornar à felicidade de noite. Retornar à felicidade era meu jeito de ser feliz. Ou de parecer feliz durante o dia.

Fiquei assustado quando alguém me falou que eu não era sério, que precisava ser adulto. Tentei ser feliz e não rir. Ao sentar a boca, esquecia que estava feliz e permanecia somente sério. A concentração para não rir me tirou a vontade de falar.

Complicado o negócio de ser feliz. Desisti, portanto, de minha felicidade para deixar os outros felizes. Abri mão das coisas. Queria que minha mulher fosse feliz – girava o quarto para que ela fosse. Queria que meu filho fosse feliz – girava a sala para que ele fosse. Quando um ou outro estava feliz, eu não pensava em minha felicidade. Nem que a tinha escondido para nunca mais rever. Já não me lembrava onde estava: atrás de que livro? Que autor? Qual estante?

Quando recebia convite para estudar no exterior, concluía:
- Outra hora.

Quando recebia convite para um novo trabalho, concluía:
– Outra hora.

Não me constrangia em esperar. A felicidade da minha mulher e dos meus filhos foi formando minha felicidade. Até que bateu um remorso por não ser feliz sozinho, afinal todos são felizes sozinhos. A dependência me doía. Eu tinha que esperar que fossem felizes para me acalmar. Não que tivesse deixado de ser feliz, eu esperava o reconhecimento deles para então perceber que fui feliz. Eu era feliz depois de ser feliz.

As coisas abriram suas mãos. Acreditava que me anulava. O mesmo remorso de uma dona-de-casa depois de arrumar a bagunça, sentar na cozinha, descobrir que o minuto de seu sossego é o cigarro e que todo mundo vai esperar a casa limpa, como sempre, e nada será comentado. Porque a casa limpa é invisível, como a felicidade.

A felicidade deles tornou-se minha infelicidade. Fui cobrando a devolução dos dias felizes que dediquei à felicidade deles. Pedindo a devolução das minhas semanas, uma por uma. Não conseguia diferenciar o que era meu do que era deles. Numa partilha, como dizer quem gosta mais de um disco ou de um filme?

Minha felicidade não era infeliz, mas sem assunto. Confundi sem assunto com infeliz. Não tinha o que contar de mim, só deles. Eu era mais a promessa de felicidade deles do que o meu passado.
Eles foram ficando tristes porque minha felicidade não aparecia. Nem depois. Nem como véspera. Eles não sabiam como devolver minha felicidade. Porque a felicidade deles também era me fazer feliz
."

Fabrício Carpinejar

Esse texto do Carpinejar foi, como muitas outras coisas, extraído não do blog do autor (http://www.fabriciocarpinejar.blogger.com.br/), mas do fotolog da minha amiga Carol Cigerza (http://www.fotolog.com/cigerza), parada obrigatória para boas leituras.

Monday 11 August 2008

Dia a dia

Hoje está fazendo...
- 21 graus

Estou ocupada com...
- a tese

Acordei cedo para...
- assistir algo das olímpiadas na tv, mas eles só estavam passando canoagem, remo, tiro, boxe, judô e as notícias do dia, porque uma mulher britânica ganhou uma medalha de ouro na natação, coisa que não acontece há 40 anos.

Tenho comido muita ...
- salada

Ontem eu preparei...
- fajitas

Ontem eu assisti...
- Olimpíadas

Estou vestindo...
- calça jeans e camiseta;

Acabei de ler...

- "The testament of Gideon Mack", de James Robertson;

Estou lendo...

- High fidelity, de Nick Hornby

Filmes mais recentes...
- Kung Fu Panda (muito fofo)
- Hancock (legal)
- Jumper (mais ou menos)
- The other Boleyn girl (muito bom)
- The bucket list (muito bom)
- Charlie Wilson's war (bom)
- Knocked up (Engraçado, mas eu tiraria algumas cenas)
- Wall E (MUITO BOM e MUITO FOFO)
- Into the wild (bom, mas muito triste)
- Be kind rewind (Muito bom)

Hoje à noite eu vou...
- assistir Mamma Mia no cinema

Site mais visitado ultimamente:
- Fabrício Carpinejar (http://www.fabriciocarpinejar.blogger.com.br/);

Saudade grande:
- de respirar fundo sem sentir um peso, de confiar...

Foto mais recente:


Local: Universidade
Data: 08/08/08

Essa daí comigo é a minha segunda orientadora, a Anat Bardi, um anjo que apareceu na minha vida. Amiga, muito mais orientadora do que o meu orientador principal, a pessoa que mais confiou e investiu no meu trabalho, alguém por quem eu trabalhei e continuaria trabalhando de graça, alguém em quem eu realmente confio.
Ela está indo embora daqui, para uma universidade melhor em Londres. Esse dia foi muito triste pra mim, ter que me despedir dela, saber que vai demorar um pouco até vê-la de novo.
Muitas despedidas ultimamente. :-(

Frase mais recente:

"As conseqüências de nossas ações nos agarram pelos cabelos; para elas é indiferente que, no intervalo, nos tenhamos tornado melhores.”

(Nietzsche, em Além do bem e do mal)

Tuesday 5 August 2008

2 anos, 10 meses e 19 dias



Esse foi o período que Paulinho passou morando aqui na Inglaterra. Tenho certeza de que, quando tiver tempo e computador, ele vai tirar alguns momentos para escrever a versão dele da sua volta para o Brasil: a viagem (already eventful!), a chegada, a readaptação.

O que eu quero falar aqui é sobre esses quase 3 anos. Muitas coisas todos já sabem: as nossas viagens e os eventos mais importantes, as visitas dos amigos e familiares. O que poucos sabem é como foi o nosso dia-a-dia, as pequenas descobertas, a adaptação demorada, mas que acabou acontecendo.

Então, quis que esse post fosse um memorial fotográfico dessas pequenas coisas, que não foram fotografadas, mas que estão na nossa memória e ajudaram a preencher esses 3 anos de Inglaterra.

A despedida do Brasil, a nossa chegada em Canterbury, conhecer a cidade e as pessoas com quem convivemos por 1 ano.



Aguentar a fase da minha aprendizagem culinária sem reclamar, ajudar com a casa e os meus trabalhos. Estar ali mesmo nos momentos mais difíceis, que foram muitos.



Procurar emprego e sofrer com isso. Encontrar emprego, sofrer com ele, mas se adaptar a ele. Se adaptar inclusive ao jeito tão britânico de comemorar o Natal.



Fazer amigos, tirar fotos. Ver neve e ficar bobo. Ver sol e ficar feliz. Falar dos outros quando eles não entendem a nossa língua. :P



Fazer melhores amigos.



Se despedir dos melhores amigos mais uma vez.



Reencontrar velhos amigos. Passear, viajar, sempre.



Ler no trem enquanto escuta música e não reclamar porque eu fico interrompendo pra ele olhar alguma coisa pela janela.



Colecionar foto de pub. Colecionar foto dos nomes da Kibon na Europa. Colecionar expressões britânicas engraçadas, como "take the mickey out" ou "I can't be bothered". Jogar tênis, boliche, ping pong, futebol e badminton. Assistir o Eurovision e rir muito. Aprender a fazer sushi. Ficar preocupado sem saber se a orquídea ia sobreviver. Musicais no West End.



Poder perguntar: como foi o seu dia? quer fazer alguma coisa? já anoiteceu? Vamos assistir "Yes"? Negociar qual a comfort food do dia. Comer salada e sopa de legumes. Petit gateau com sorvete de baunilha. Iogurte com sucrilhos quase todos os dias. Livros, livros, livros. Nosso costume de comprar o jornal do sábado. Reclamar do clima quando tá frio. Reclamar do clima quando chove. Reclamar do clima quando tá ventando. Reclamar do clima quando tá calor. Tirar foto doidinha.



Arrumar a casa quando vem gente visitar. Não saber o que fazer com o mofo na casa. Sempre acompanhar o valor do câmbio. Assistir o Breakfast pela manhã, Jonathan Ross na sexta à noite. Assistir o UKTV Top 40. Conhecer o albertosauro.



Enviar 346 mensagens pelo celular e ainda ligar todos os dias pra falar besteira. Saber que vc estaria ali no fim do dia.



São todas essas coisas, pequenas coisas do dia a dia que ajudam a gente a continuar. Sem a sua presença aqui, esses 2 anos, 10 meses e 19 dias não teriam sido o que foram.
E era só isso que eu queria dizer: eu me lembro e não vou esquecer...

Tuesday 1 July 2008

Mousse de morangos

Aproveitando que o verão por aqui é a melhor época pra se comprar morangos (lindos!!), estou postando aqui uma receita que vale à pena se experimentar. Espero que gostem.



Ingredientes:
700g de morangos
2 latas de leite condensado light
1 lata de creme de leite
claras de 3 ovos
1 colher de sopa de açúcar
1 pacotinho de gelatina em pó sem sabor
4 morangos para decorar

Modo de fazer:
* Picar os morangos em pedaços e bater no liquidificador com o leite condensado e o creme de leite.
* Dissolver a gelatina em meia xícara de água fervente e adicionar à mistura.
* Bater as claras em neve com o açúcar e misturar delicadamente ao creme.
* Leve ao freezer para gelar.
* Antes de servir, retire do freezer e decore com os morangos.

Sunday 22 June 2008

Show da Alanis Morissette, Londres

Chegamos na Brixton Academy às 18h e a fila já estava grande. Entramos na fila e esperamos até às 19h, quando eles abriram as portas. Depois de entrar e procurar um lugar bom pra ficar, começou a espera.



Liam Gerner, cantor australiano, abriu a noite com um som muito legal. Ele entrou às 20h e saiu às 20h40.



Alanis era esperada para entrar às 21h, mas a entrada só aconteceu 20 minutos depois. Os pés já estavam doendo de ficar em pé parada por tanto tempo.
Das 21h20 às 23h da noite, foi um show maravilhoso.



Ela começou o show com "Uninvited", da trilha de City of angels.
Do CD Jagged Little Pill, ela cantou "All I really want", "You oughta know", "Perfect", "Hand in my pocket", "You learn", "Head over feet" e "Ironic". Cantou ainda "Unprodigal daughter", do CD Feast on scraps e "Eight easy steps", do CD So-called chaos.
Do álbum novo, Flavours of entanglement, ela cantou "Citizen of the planet", "Underneath" numa versão acústica só com piano, "Versions of violence", "Not as we", "In praise of the vulnerable man", "Moratorium" e "Tapes".

E terminou com "Thank u", do CD Supposed former infatuation junkie.



Saímos correndo de lá, às 23h, pegamos um táxi tentanto chegar cedo na rodoviária pra voltar pra Canterbury no último ônibus.
Foi um dia caro, cansativo, dolorido e corrido.
Mas valeu à pena cada minuto e cada centavo gasto.

Monday 19 May 2008

Em nome da poesia




“O tempo passa rápido para os outros, não para vocês.
O tempo está vivo em vocês. Minucioso. Detalhista. Obcecado.
É como ficar o dia inteiro em casa. E, de repente, perceber que anoiteceu.
‘Já anoiteceu’ é uma das expressões mais bonitas. Significa que não controlamos as horas.
Casar é anoitecer. É quase perguntar: ‘Como chegamos aqui?’”

Texto de Fabrício Carpinejar

em comemoração ao dia 19 de maio de 2008, 3 anos de casamento...

Friday 18 April 2008

O gatinho faz aniversário

Há 7 anos atrás, o gatinho (Paul) me deu um gatinho de presente.

Durante este tempo, ele (bom, ambos os gatinhos na verdade) tem me acompanhado para todos os lugares, como as fotos abaixo podem comprovar.



Aqui, uma foto do gatinho na Grécia. E logo abaixo, ele novamente em frente ao relógio do Museu D'Orsay, em Paris.



Infelizmente, as fotos nem sempre saíram boas ou então eu não lembrava de tirar ele da bolsa para aumentar o álbum de fotos. Mas dá pra perceber que ele tem uma gosto bastante refinado e que é apreciador de Monet e Picasso.






Aqui, na foto mais recente, ao lado da nossa orquídea florida.



Depois de 7 anos, ele continua com o mesmo sorriso tranquilo.
E, como o outro gatinho, é uma excelente companhia.

Tuesday 1 April 2008

Moqueca de peixe e camarão

No dia do meu aniversário, eu decidi fazer uma receita nova. E como o Erick trouxe leite de côco, que ele encontrou na lojinha de produtos brasileiros em Londres, resolvi que ia ser uma moqueca. Aqui vai a receita:



Ingredientes:
400 g de peixe fresco (eu usei bacalhau, fresco, não salgado)
450 g de camarão
200 ml de leite de côco
pimenta do reino, a gosto
sal, a gosto
5 tomates grandes, picados
1 xícara de água
1 cebola média picada
meio maço de coentro picado
3 cubos de caldo de peixe
suco de 1 limão
3 dentes de alho, amassados
1 pimentão verde, picado
1 pimentão vermelho, picado



Modo de preparar:
Tempere os camarões e o peixe com sal, pimenta e suco de limão, deixando marinar por 30 minutos.
Em uma panela larga adicione o peixe, camarão, tomate, cebola, pimentões, coentro e a água. Quando a água ferver, adicione o caldo de peixe, leite de côco e alho. Misture bem para o caldo ficar homogêneo e deixe cozinhar por 20 minutos.
Sirva com arroz e purê de batatas.

Bom, o resultado dá pra ver na foto aí embaixo do prato pronto.



Tenho que confessar que fiquei muito orgulhosa de ter feito essa moqueca. Primeiro, porque eu adoro. Ainda mais, porque não temos à nossa disposição aqui um ingrediente essencial, o azeite de dendê; e mesmo assim, ela ficou boa. Segundo, porque conseguir fazer Paulinho comer (e gostar de) um prato que leva cebola, alho, coentro e pimentão foi um feito e tanto. Tanto que ele até repetiu. ;-)

No final de semana seguinte, repeti a dose. Fiz a moqueca de novo, dessa vez para convidadas estrangeiras. Aisling, nossa amiga irlandesa que estava por aqui de visita, e Yvonne, uma amiga inglesa que também veio almoçar conosco. A receita foi aprovada.

Wednesday 26 March 2008

22, 23 e 24 de março de 2008


É, foi uma comemoração prolongada de aniversário. Resolvi aproveitar o feriado prolongado (que aqui na Inglaterra vai até a segunda-feira!!) e festejar com os amigos.

No sábado à noite, como muitos amigos daqui tinham viajado, acabamos ficando em casa e recebendo a visita da minha amiga da Turquia, Mujde, e o namorado inglês Rob. Recebi essas flores lindas e um filme turco de presente. Jantamos cuscuz com ovos, queijo e molho de tomato, comemos pipoca, assistimos um filme no DVD ("Rendition", com Jake Gyllenhal, Meryl Streep e Reese Witherspoon) e jogamos "Scene it", um jogo sobre cinema. O Rob ganhou. :-)

O domingo foi um dia preguiçoso. Ficamos em casa o dia todo: acordamos tarde, e decidi fazer uma moqueca de peixe e camarão pela primeira vez. Depois vou postar aqui no blog a receita e a foto do resultado, mas tenho que dizer que foi o prato mais gostoso que eu já fiz na cozinha. Fiquei muito orgulhosa de mim mesma. :D Ainda mais porque consegui fazer meu marido comer, gostar e repetir um prato que tem pimentão, alho, cebola e coentro!!! Hehehehe

À noite, fomos jantar no Carmem's, um restaurante espanhol que fica perto da Catedral.

Como sempre, a paella marinera que eles servem lá estava perfeita, assim como a companhia. Foi um jantar maravilhoso.

Voltamos para casa e o Erick apareceu por aqui para começar os preparativos para a feijoada do dia seguinte. Passamos à noite conversando, tentando ajudar o Erick (em vão), e enquanto a feijoada cozinhava, assistimos "Lisbela e o Prisioneiro", DVD que recebi de presente alguns meses antes de Valdiney e Rildésia (obrigada, obrigada!).

Como a segunda-feira era feriado, passar o dia em casa com os amigos foi a escolha. A feijoada que Erick preparou estava perfeita.

Os amigos que compareceram são (na ordem das fotos maiores): Natália (Portugal), Erick (Maranhão/Recife), Mônica (Portugal/Brasil), Carlos (Santa Catarina) e Vanessa (Rio Grande do Sul), Carlos Eduardo (Rio de Janeiro/Natal) e Marjory (Natal), e Sofia (filha da Mônica, a única inglesinha na festa).

O bolo de chocolate da Vanessa estava ótimo, assim como a salada da Mônica; Natália também trouxe dois bolos e as velinhas para denunciar minha idade. :D

O tradicional jogo de truco também estava nos planos. Então, enquanto os meninos jogavam truco, as meninas assistiam filmes e jogavam outras coisas também.

Tenho que agradecer a todos pela presença, pelos presentes e pelo carinho. Aos amigos distantes pela lembrança. E a minha família, por tudo.

E ao gatinho pelo meu presente mais que perfeito, acompanhado de um cartão no mesmo nível.