Thursday 31 December 2009

"Olhe para este dia, pois ele é a vida.

No seu curso rápido estão todas as verdades e realidades de sua existência: a bênção do crescimento, a glória da ação, o esplendor da beleza.

Pois ontem não passa de um sonho e o amanhã é apenas uma visão.

Mas o hoje bem vivido torna o ontem um sonho de felicidade e todo amanhã uma visão de esperança.

Olhe bem, então, para este dia."

Anônimo

Wednesday 23 December 2009

Poema de Natal




"Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.

Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.

Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.

Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente."

Vinicius de Moraes

Monday 14 December 2009

Canção pra Jade (ou pro Pedrinho)



"Desde quando eu te vi
Tudo ficou mais lindo:
A rua, a lua, o sol no céu luzindo.

Olhando teu olhar,
Ouvindo a tua voz
Chego a não crer,
A me surpreender, feliz, sorrindo.

Estrela singular
Da luz do amor nascida.
Antieclipse lunar da minha vida.

A cada passo teu
Segue meu coração,
Por entre os móveis,
Calçadas, parques e avenidas.

Viva cada instante, viva cada momento,
Proteja da razão teu sentimento.
Tente ser feliz enquanto
A tristeza estiver distraída.
Conte comigo
A cada segundo dessa vida.

E o tempo vai passar
Ao longo dessa estrada.
Novas estórias lhe serão então contadas.
E você vai crescer,
Sonhar, sorrir, sofrer
Entre vilões, moinhos, dragões e poucas fadas."

Composição: Toquinho / Mutinho

Pedrinho, filho da minha querida amiga-irmã Palloma, no dia do seu nascimento.

Tuesday 8 December 2009

O amor...



"O Amor jamais morre de morte natural.
Geralmente morre de sede porque nos esquecemos da fonte."

Paulo Coelho

Saturday 7 November 2009

Para decidir



"Graças a uma conversa sobre como mudar o foco da percepção das pessoas sobre o que as cerca, entendi o seguinte: sentir é mais importante que pensar. A emoção é mais importante que o intelecto.

Passei mais de 30 anos construindo (e super valorizando) meu intelecto e no fim das contas o que realmente importa é como me sinto. Pensar e intelectualizar é só uma muleta para quando algo dá errado no sentir.

Posso passar horas escrevendo um tratado sobre como e porque não consigo dizer não, por exemplo, e no fundo... trata-se de como e o que sinto.

Já não é de hoje, mas cansei. Racionalizar tudo é perigoso e ineficaz pra quem quer ser feliz."

Fontes: http://www.zel.com.br/
http://duasfridas.wordpress.com/

Tuesday 20 October 2009

How to save a life

"Step one you say we need to talk
He walks you say sit down it's just a talk
He smiles politely back at you
You stare politely right on through


Some sort of window to your right
As he goes left and you stay right
Between the lines of fear and blame
And you begin to wonder why you came


Where did I go wrong, I lost a friend
Somewhere along in the bitterness

I would have stayed up with you all night
Had I known how to save a life

Let him know that you know best
Cause after all you do know best
Try to slip past his defense
Without granting innocence


Lay down a list of what is wrong
The things you've told him all along
And pray to God he hears you
And pray to God he hears you...


Where did I go wrong, I lost a friend
Somewhere along in the bitterness
I would have stayed up with you all night
Had I known how to save a life


As he begins to raise his voice
You lower yours and grant him one last choice

Drive until you lose the road
Or break with the ones you've followed

He will do one of two things
He will admit to everything
Or he'll say he's just not the same
And you'll begin to wonder why you came


Where did I go wrong, I lost a friend
Somewhere along in the bitterness
I would have stayed up with you all night
Had I known how to save a life...
"

The Fray
Composição: Isaac Slade / Joe King

Thursday 15 October 2009

Eu, Você, Nós 2

Viver sob o mesmo teto, na saúde e na doença, exige muito mais que amor. No modelo contemporâneo de convívio, há cada vez mais espaço para a individualidade - o casal não precisa ser aquele grude o tempo inteiro. Ainda bem.

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"Começaram a namorar quando ela tinha 15 anos de idade, ele 17. Oito anos depois, ele se formou engenheiro agrônomo. Determinada, ela o encostou na parede para que a pedisse em casamento na frente de toda a família. "Achei que nunca mais o veria, mas no dia seguinte ele apareceu em cada todo arrumado", diz a advogada Marjorie Marla de Macedo, de Florianópolis, hoje com 30 anos. Foram morar juntos quase três anos depois, antes de festejar o matrimônio. "Foi um choque. Cada um levou 100% da personalidade para dentro de casa. Mas foi determinante para sabermos que só continuaríamos com esses 100% se respeitássemos o que o outro era, sentia, pensava". Embora tenham se casado à moda antiga, não continuam juntos por conveniência, como se fazia nos velhos tempos, e sim pelas afinidades. "Sempre nos divertidos muito juntos, mas às vezes vou à praia com os amigos e ele passa horas no sítio dos pais cultivando as plantas. Damos força para que cada um faça o que gosta sem a necessidade de estar sempre juntos", afirma Marjorie. "O ser humano busca inteireza no mundo que o cerca. Isso inclui a relação com parceiros amorosos, que hoje se casam atraídos pela singularidade do outro", diz a especialista em psicologia clínica Denise Gimenez Ramos, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

O amor continua sendo lindo, mas é cada vez mais raro abrir mão do que se gosta em nome dele. Os casais começam a descobrir que respeitar de verdade gostos pessoais, manias, idiossincrasias - a tal singularidade - é cada vez mais uma peça importante no mecanismo que faz o casamento realmente funcionar.

Um e um são três
Estamos em tempos de ênfase ao individualismo. IPod, festas e viagens de mochilão nos põem em contato com nosso jeito single de ser. Um casal não foge à regra: é a soma de olhares de dois seres únicos. No estudo Casamento contemporâneo: O difícil convívio da individualidade com a conjugalidade, da PUC-RJ, a especialista em terapia familiar e de casal terezinha Féres-Carneiro afirma que, na lógica do matrimônio, um e um são três. A relação é determinada por dois sujeitos, duas percepções de mundo e dois projetos de vida que convivem com uma relação amorosa, uma identidade conjugal e um projeto de vida do casamento. Para Terezinha, aí está todo o fascínio e toda a dificuldade de ser casal hoje em dia. Não por nada, os casórios rareiam e os divórcios crescem. "Um casamento no Brasil dura em média dez anos porque, em geral, as pessoas não se aprofundam uma na outra", diz a terapeuta de casais Cláudya Toledo. Ser solteiro vira uma opção de vida exatamenta pela sensação de liberdade, de ser dono do próprio nariz. Para um casal criar um modelo único de convívio, com espaço para cada personalidade expressar o que sente, é preciso tempo e energia. Afinal, sentir que você se encaixa com alguém que admira soa como uma ameaça à própria identidade, já que você vai compartilhar com a pessoa momentos de uma vida que era só sua. "Tem gente que não tem paciência porque realmente dá trabalho. Mas vale a pena pelo amadurecimento, a amizade, o suporte emocional, os momentos engraçados, a nova percepção do mundo. Vale a pena pela história que você vive", diz Marjorie.

De fato, o ser humano não nasceu para viver só. Por isso, as amizades. Com os amigos, acima de tudo, trocamos ideias. Segundo o psiquiatra Flávio Gokovate, em Uma história de amor... com final feliz, nossos camaradinhas nos garantem um aconchego intelectual. O amor é diferente. Diz respeito à necessidade de ter de volta o colo materno, uma referência que fica registrada em nosso subconsciente. Com o passar dos anos e a manifestação mais internsa da sexualidade, essa sensação volta a definir as relações de um adulto. "Mesmo quando mal conhecemos a essoa escolhida, passamos a nutrir por ela um sentimento parecido com o que tínhamos por nossa mão", escreve Gikovate. Conquistado, o amor não satisfaz completamente. É como quando éramos crianças: ficar no colo da mãe era gostoso, mas significava parar de brincar e de fazer também o que nos dava na telha.

Foi assim que se configuraram os casamentos durante um bom tempo, em que pombinhos pensavam se bastar juntos no ninho de amor... E viviam, não é surpresa, uma série de momentos enfadonhos! Quem é que consegue satisfazer todas as vontades ao lado da mesma pessoa o tempo inteiro? "Acontece que a vida prática mudou muito. E, com ela, as motivações. Os casais estão juntos, mais do que tudo, para curtir a vida, para o convívio prazeroso e os projetos de vida mais voltados a atividades lúdicas. As diferenças passam a ser importante fator de irritação, ao passo que as afinidades se tornam muito mais interessantes", escreve o psiquiatra. Essa memória conjunta de vivências dá sentido à vida.

Os amigos por perto
Muita gente diz que é preciso amar a si mesmo para então amar o outro. Talvez não seja bem por aí. Gikovate descreve o amor como algo interpessoal. "É o sentimento que temos por quem nos provoca sensação de paz e aconchego", afirma em seu livro. Antes de entrar de cabeça em uma relação, cada um deve ter em mente em que pé está sua autoestima - que, para o psiquiatra, equivale a um juízo de valor, e não a um sentimento. "É uma espécie de nota que damos a nós mesmos - em geral, nota equivocada para menos". Por isso, deposita-se tanto no outro a expectativa de curar os próprios traumas, medos e desânimo. Mas também se cometem erros do outro lado. Achar bonitinha a carência rotineira do parceiro pode ser um grande problema. "É comum falar que esse é um defeito charmoso do outro, até que o tédio se instala no casamento", afirma Thiago de Almeida, psicólogo especializado em dificuldades de relacionamento amoroso. para Cláudya Toledo, não há mais espaço no casamento para pessoas que não sejam autossuficientes. "Ninguém deixa ninguém triste ou alegre. Essa questão é individual. Se estou mal, não vou chegar aos farrapos em casa para que meu parceiro me conserte. Vou fazer ioga, caminhar na praça, qualquer coisa que me faça bem. Ou vou debilitar o casamento", diz.

O mesmo vale para quem se deixa dominar pelo outro, empurrando o relacionamento por água abaixo. "Já cheguei a um ponto em que ele me manipulava, mas assim que percebi contei com os amigos e a família para voltar a ser quem eu era. Hoje, ele brinca dizendo que um dia vai me domar, o que na verdade o atrai", diz Marjorie, convencida de que dar a volta por cima, reafirmando seu jeito de ser, fortaleceu ainda mais a relação. "O que o fez se apaixonar por mim foi minha personalidade única, sui generis. Não faria sentido perdê-la". Uma de suas prioridades hoje é sair com as amigas. "Temos conversas só nossas, inclusive combinamos várias vezes de passar fins de semana juntas na praia, sem os maridos", diz a advogada. Até mesmo durante uma viagem, quando a agente de viagens Gwen Budal Arins passou dois meses na cada da mãe com o marido, ambos arrumaram tempo para seus programas solos. "Logo que conheceu meus amigos, ele já arranjou um lugar para jogar futebol toda semana, e eu tinha as amigas que não via há tempos para colocar o papo em dia", afirma Gwen.

Segundo a psicóloga Denise Gimenez Ramos, estar com os amigos no mundo moderno é vital para o equilíbrio emocional. "O casal que se fecha entra em rota de colisão. Ter privacidade com os amigos para falar bobagem e comer pipoca é importante, até porque as amizades perduram muito mais que o casamento", diz ela. Ao mesmo tempo, o espaço conquistado pela mulher no casamento propõe o ideal de igualdade. "No passado, era normal a mulher seguir em tudo e com todas as forças as decisões do marido. Hoje, os homens reconhecem sua realização pessoa, seu êxito profissional, suas qualidades, que a distinguem dele", afirma o consultor Vital Didonet, de Brasília, que completou 25 anos de casamento em 2008. Isso inclui a liberdade individual, essencial a todos em uma relação.

Detalhes de nós dois
Na hora de juntar os trapos, ter ajuda para botar a casa em ordem também é crucial para o bom convívio e, sem dúvida, mexe com o jeito de ser de qualquer um. Marorie nunca se deu bem com os trabalhos domésticos. "De repente, casei e tive que cuidar de tudo", diz. Mesmo depois de anos de namoro, o casal entrou em conflito por causa disso quando se viu sob o mesmo teto. "Ele vivia na frente do computador por causa da carreira acadêmica e eu sempre dizia que ele não trabalhava e, ainda por cima, não me ajudava em casa. Foi marcante quando disse o quanto ficava magoado comigo por não respeitar sua profissão. Tive que retroceder", diz a advogada. Ao pôr as cartas na mesa, dividiram as tarefas como rpeparar a refeição e lavar a louça. Além disso, ela passou a deixá-lo em paz ao vê-lo no computador, pois sabe o quanto precisa se concentrar nas pesquisas. "Quando esclarecemos as diferenças, é onde fica a singularidade de cada um. É preciso ter feeling para saber quando vale a pena mudar de atitude", diz Marjorie. As fraquezas nunca vão deixar de aparecer. Afinal, somos humanos. Mas, quando um casal prioriza o respeito às singularidades, a dependência emocional dá lugar à amizade, ao erotismo e aos planos em comum, construídos pelo olher que cada um lança na relação. "Os dois se apoiam, ajudam-se, fortalecem-se, consolam-se, mas sempre olhando para o que está adiante deles", diz o consultor Didonet. Juntos, sim. Grudados, jamais."

Texto Débora Didonê
Fonte: Revista Vida Simples, Edição 84, Outubro de 2009

Tuesday 13 October 2009

Amor perfeito

Namoros e romances interrompidos provocam uma irritante pergunta anos depois: “Como seria a minha vida se tivéssemos ficado juntos?” Novos relacionamentos não apagam a lembrança interrogativa. A marca. O número do telefone na agenda. A ausência de uma última chance. A esperança de um encontro acidental.

O amor não se encerra, se abandona.

Quanto maior a chance de vingar o amor, mais se cria um jeito de interrompê-lo.

São detalhes bobos e tremendamente ridículos que costumam separar.

Um pouco de esforço, um pouco de paciência, e nada teria acontecido.

O orgulho é um péssimo confidente e não deixa voltar atrás.

O que é forte perturba, não acalma.

Não conversei até esse momento com nenhum apaixonado com a cabeça no lugar. Todos estão sem cabeça e uma boca imensa a murmurar sozinha.

Assim como os separados têm suas razões, e concordo com os dois lados.

Mas por que os separados têm tanta necessidade de explicar o fim do namoro ou do casamento? A gente só explica o que não conseguiu entender.

Minha culpa é explicativa; minha confiança é lacônica.

O amor que tinha tudo para ser ideal – e não foi – sofre do “passado do umbigo”.

O passado do umbigo é acreditar que a época mais feliz já aconteceu entre os dois e não há maneira de repeti-la. Concordo: não há como repeti-la.

Só que o passado do umbigo não permite que a felicidade cresça de outra forma, diferente da circunstância anterior.

A mínima mudança de repertório, e ambos ficam chateados. Se mudaram de emprego, mudaram de idéias, mudaram de rotina. Por que não podem mudar a forma de amar?

Termina-se prisioneiro do início da relação e não se busca favorecer a diferença, e sim insistir, em grau da chatice máxima, com a semelhança.

Outro sintoma que enfraquece o amor é a aparência diante dos colegas e conhecidos.

Quando o par escuta: “Vocês formam um casal perfeito”, cuidado!, esse elogio é perigoso. “O que queremos?” assume a condição deturpada de “o que eles vão pensar?”.

O casal passa a viver mais para fora do que para dentro de casa. A expectativa dos outros contamina a pureza do trato, do convívio, a solidão de raríssimas estrelas e terra escura.

Namorar assume o despropósito de desfilar.

Há tanta gente metendo o bedelho na história que o par não consegue escutar suas vozes e vontades.

Casal perfeito é o que se separou alguma vez para voltar mais sereno e apaixonado.

(Fabrício Carpinejar, em O Amor Esquece de Começar)

Saturday 10 October 2009

"Quando amamos, enxergamos o que pode ser."

Padre Fábio de Melo

Thursday 8 October 2009

"Do you know that the harder thing to do and the right thing to do...
...are usually the same thing?
Nothing that has meaning is easy.
Easy doesn't enter into grown-up life."

(Robert Spritzel, The Weather Man)

After doing the hardest thing I've ever done in my life.

Sunday 4 October 2009

As mágoas vão rolar

Como lidar com a ofensa e o perdão? Será que perdoar quem nos magoou é o caminho para a paz interior?

"A não ser que você seja um anjo imaculado e habite uma dimensão celestial, longe das imperfeições e das mazelas humanas, você já teve que perdoar alguém e também já precisou ser perdoado.

Eu diria que é improvável cruzar a vida sem prejudicar e ser prejudicado, magoar e ser magoado, decepcionar e ser decepcionado. Com ou sem intenção, nas relações humanas, esses verbos malquistos algum dia acabam sendo conjugados. E, nesses casos, o substantivo perdão tem de ser chamado a compor o texto, senão a vida não completa sua sintaxe.

O perdão é, sim, um importante meio de obter paz de espírito, ainda que não seja o único. Mas, como todos os outros recursos que pavimentam o caminho que leva ao estado de graça interior que, por sua vez, permite ao humano usufruir da tranquilidade de conviver consigo mesmo, o perdão verdadeiro é difícil de ser praticado.

Perdoar é o ato de libertar o outro da culpa, mas é mais que isso. Em sua função libertária, o perdão liberta quem o pratica. É um ato de grandeza de espírito, que representa, acima de tudo, uma doação.

For-give, vor-geben, per-dón, per-dão. Praticamente em todos os idiomas a palavra perdoar obedece a sua origem do latim vulgar perdonare, que é formada pela junção do prefixo per (através de ) com a palavra donare, que representa o ato de doar ou, melhor ainda, dar-se.

Através do perdão a pessoa doa o que há de melhor em si mesma - a compreensão, a compaixão e a esperança. Você me ofendeu e me magoou, e eu compreendo que você falhou porque é humano, compadeço-me por seu arrependimento e tenho a esperança de que tal não se repetirá. Por isso, o perdoo. Simples e belo. Mas... sempre possível? Essa é a verdadeira questão existencial do perdão.

Qual o melhor caminho para compreender o perdão?
"Errar é humano, perdoar é divino", dito o ditado. Mas ele está um pouco ultrapassado. Há tempos que o conceito de perdão abandonou o céu angelical para vagar em terra mundana. O principal motivo é que sem ele a vida em comunidade não seria possível, pois cada ofensa geraria uma inimizade. O perdão não é apenas uma atitude, é uma qualidade necessária à elevação dos espíritos, como demonstram várias áreas do pensamento humano que já se debruçaram sobre ele, como a filosofia, a psicologia e a religião.

Na Bíblia, o perdão é tema recorrente. No Velho Testamento, em Levítico (16:29-31), encontramos que Moisés institui um dia dedicado à purificação dos pecados. Considerado como um "estatuto perpétuo", tal data é respeitada pelos judeus, que a chamam de Yom Kippur - o dia do perdão. A importante ocasião ocoore logo após o Rosh Hashanah - o ano-novo judeu. Pedagógica correlação, pois esclarece que não se deve iniciar um novo ciclo sem perdoar e obter perdão.

Moisés havia subido o monte Sinai para ter um encontro com o Divino, de quem recebeu as tábuas com os Dez Mandamentos. Ao descer, a decepção. Encontrou os hebreus adorando uma imagem, uma estátua de bezerro, ignorando seus conselhos de que só devemos adorar a Deus. Em sua revolta, atirou as tábuas ao chão, quebrando-as, e não lhe restou saída senão voltar à montanha e pedir novamente as tábuas a Deus, implorando-lhe, também, o perdão. Ele então instituiu aquele dia para marcar o perdão concedido pelo Senhor à iniquidade de seu povo e a sua própria ira.

As orações e o jejum praticados no dia do perdão, além do compromisso de o ofensor não mais cometer as transgressões novamente, são alguns dos passos seguidos por aquele que quer limpar suas mágoas para começar purificado ano novo.

Foi nesse dia, em que a noção de perdão foi pela primeira vez esboçada como um importante valor humano, e também ali, dentro dessas mesmas raízes judaicas, que o cristianismo brotou.

O Pai-nosso, a oração mais importante entre os cristãos - que teria sido ensinada pelo próprio Cristo -, considera o perdão uma forma de estabelecer uma relação com Deus e com os homens. "Perdoai nossas ofensas assim como perdoamos a quem nos tenha ofendido", diz uma passagem, antes de pedir força para evitar as tentações e proteção contra os infortúnios da vida. Sim, o perdão precede o poder e a segurança.

Por que o perdão faz bem a quem perdoa e beneficia quem é perdoado?
Entre os filósofos, o perdão também é tema ancestral. Foi, só para ilustrar, assunto de simpósios, os encontros em que, entre um gole e outro de vinho, os antigos gregos se punham a discutir as grandes questões que inquietam o espírito humano, como a morte, a coragem e o amor. "Só quem tem a capacidade de perdoar conquista o direito de julgar", disse Sócrates num desses momentos de sabedoria e embriaguez em que a civilização ocidental foi gestada.

Contemporâneo de Cristo, o romano Sêneca introduziu o perdão na esfera do estado. Em sua obra, Tratado sobre a clemência, o tutor de Nero apresentou a arte de perdoar como a principal arma para o governante lidar com a justiça e firmar-se como estadista. Segundo o filósofo, praticar atos clementes seria exercitar a temperança do gênio, a tranquilidade do espírito e a virtude do erudito. O perdão real possibilitaria a coesão do estado na sociedade, atendendo às diferentes vontades das classes, ao mesmo tempo que serviria como excelente instrumento jurídico, permitindo a aplicação da pretensa justiça com moderação. Apesar disso, ele mesmo foi vítima da falta de perdão. Desconfiado de sua traição, Nero o condenou à morte.

Depois de muitos séculos e de muitas reflexões e textos sobre o assunto, a filósofa alemã Hannah Arendt, que migrou para os Estados Unidos com a ascensão do nazismo, escreveu em seu livro A condição humana, que o perdão é uma resposta libertária: "o perdão é a única forma de reação que não 're-age' apenas, mas age de novo e inesperadamente, sem ser condicionada pelo ato que provocou e de cujas consequências liberta tanto quem perdoa quanto o que é perdoado (...) é a liberação dos grilhões da vingança".

Com essas palavras, ela faz uma conexão com a psicologia, que busca a qualidade do pensamento e a calma das emoções, e diz que perdoar faz bem porque livra a pessoa das amarras do ódio e da injustiça. Perdoar beneficia quem é perdoado, mas favorece principalmente quem perdoa. Acontece que perdoar é uma atitude, mas primeiro é um sentimento. Antes de perdoar com as palavras, é necessário perdoar com a mente e com o coração, senão o efeito não é o mesmo, fica pela metade, vira falsidade. É preciso coragem para perdoar de verdade.

É de autoria de Freud o notável texto "Repetição, lembrança, translaboração". Nele, o pai da psicanálise propõe que o inconsciente, que aprisiona a pessoa no passado e não permite que ela conviva em harmonia com o presente nem consiga ver esperança no futuro, seja examinado com coragem e grandeza suficiente para produzir o mais importante dos perdões: o perdão a si mesmo.

E quando a pessoa não merece perdão?
A verdadeira questão filosófica do perdão é a opção de aplicá-lo. Mais importante que perdoar é decidir perdoar com convicção, o que implica visitar os princípios da justiça.

No casamento de sua filha, meu amigo José Ernesto protagonizou um dos mais comoventes momentos que eu já tive a oportunidade de presenciar. Ao dizer aos noivos o que ele lhes desejava, aconselhou: "Sempre que possível, escolham o perdão. Sempre que necessário, escolham a justiça".

Em duas frases, ele sintetizou a essência das relações humanas que valem a pena. As relações devem ser dotadas de valores, não apenas de objetivos comuns. Quando as pessoas se juntam apenas por motivos utilitários, remetem sua relação à época dura das cavernas, em que tudo era permitido em nome da sobrevivência. Casamentos, amizades, empresas, agremiações políticas - qualquer tipo de encontro entre duas pessoas tem um objetivo que as mantenha unidas, mas se for apenas isso a uni-las - objetivos, metas, destinos -, pessoas não serão pessoas, mas meros componentes de uma engrenagem mecânica. Ao humano, competências conferem utilidade, valores providenciam dignidade.

Não há vida digna sem justiça, e o perdão é parte dela. Parte. Perdão não é justiça. Perdão é decorrente da justiça. E praticar justiça remete a pessoa à tarefa de julgar, provavelmente a mais ingrata das missões humanas, pois significa entender os motivos de quem fez o que fez, considerar os efeitos do que foi feito e decidir sobre a pena justa e conveniente, que pode ser, entre outras, o perdão.

É possível perdoar o assassino frio, o estuprador impiedoso, o corrupto contumaz? É justo perdoar o juiz da Inquisição, o patrocinador do Holocausto, o instaurador do Apartheid? Ora, sem considerar a justiça, o perdão é obsceno; sem contemplar o perdão, a justiça é malévola; afinal, a justiça é uma necessidade, o perdão, uma possibilidade.

Ainda assim, mesmo considerando que seja pesado julgar, difícil ponderar os fatos envolvidos, doloroso relevar mágoas, impossível esquecer ofensas, o ato de perdoar é grande, digno e belo. Até porque, ao julgar alguém, é conveniente fazer algum julgamento de si mesmo, para, ao perdoar o outro, guardar para uso próprio um pouco do perdão. Porque você, eu, qualquer um, se viveu uma vida, precisará ser perdoado por não tê-la aproveitado melhor."

Texto: Eugenio Massuk
Fonte: Revista Vida Simples, Outubro 2009, Edição 84

Saturday 3 October 2009

“Cada boa ação que você pratica, é uma luz que você acende em torno de seus próprios passos”.

Chico Xavier

Wednesday 30 September 2009

A era do tô me achando

Por que necessitamos cada vez mais da aprovação, do amor, da admiração e (até) da inveja dos outros? Entenda como funcionam os mecanismos da vaidade - e saiba como se imunizar para não ficar se achando a última bolacha do pacote.

"Bacanas teus óculos", falei. Leves, classudos, num tom esportivamente escuro, cada lente com uma sombra que subia de baixo para cima, tornavam misterioso o olhar do amigo, um jovem editor. Comentei que nunca o tinha visto de óculos. Ele devolveu: "Pois é, mas eu estava com a vista cada vez mais cansada, até que fui ao oculista e ele me disse que precisava usar. Dois graus de miopia. Excesso de leitura. Fazer o quê...", compungiu-se, o olhar vago, empurrando o par de lentes nariz acima com um charme intelectualmente sofrido. Mês depois, encontrei uma amiga cujo pai é o oftalmologista. Entre anedota e outra, ela me contou que um curioso cliente do pai havia pedido um modelo de óculos em grau. É, era ele mesmo - o editor.

Vivemos tempos curiosos. A cada segundo, e através de todos os meios possíveis, somos expostos aos corpos mais perfeitos, às biografias mais irretocáveis, à pose generalizada de famosos e anônimos. Vaidade pura. Mas um momento: você já experimentou sair por aí todo mulambento, comparecer despenteado a uma entrevista de emprego, esconder de parentes e amigos aquele êxito nos estudos? Impossível, não? Porque, hoje, não ter vaidade - não ter o hábito de apregoar aos quatro cantos, reais e virtuais, o quanto você pode ser atraente, sensacional e único - parece ser um dos maiores pecados da nossa era, esse tempo em que todo mundo parece estar "se achando".

(...)

Vício letal
Parâmetro fácil, mas vaidade, como parâmetro norteador desta época, é algo bastante volátil para definir. Vai longe o tempo em que ser vaidoso bastava para condenar um cidadão, ou editor, ao inferno. No início da cristandade, a vaidade, sob a alcunha de vanglória, foi pecado capital; por volta de 1500 integrou a lista na forma de orgulho ou soberba; ainda é a mais diabólica contravenção para os cristãos ortodoxos. segue relacionada à Prostituta da babilônia no Apocalipse. Foi o que conduziu Lúcifer, mais belo dos anjos, do lado direito do Senhor aos portões do inferno, por rejeitar a imagem de deus em benefício da própria. (...)

Pelo Dicionário Analógico da Língua Portuguesa, de Francisco Ferreira dos Santos Azevedo, inexplicavelmente esgotado desde 1984, "vaidade" tem 71 substantivos agins, incluindo "ânsia incontida de despertar a admiração", "parlapatonice", "exibicionismo", "pretensão", "megalomania", "egoísmo", "inchaço" e, claro, "narcisismo". (...)

Meu sinônimo favorito, o que ajuda a iluminar nosso tempo, é "inchaço". Até por causa da característica física da palavra - como se o vaidoso estivesse "cheio de si". Mas que seria concretamente esse "si"? O ser ou o nada? Batom, botox ou fotos bacanas no Facebook? Sapatos Gucci, um iPod novo ou um belo currículo na Casa do Saber? O cabelo do Justus, a peruca da Dilma, os pneus de Ronaldo Fenômeno, o bigodão de José Sarney, o retrato de Dorian Gray? A obsessão pela juventude dos sessentões vampirescos atrás das menininhas, a susanavieirização do mulherio? A vaidade sempre seria ruim, ou poderia ser um componente positivo da competitividade, um estímulo caprichoso à autoafirmação? Ou seria mesmo um vício - e um vício letal, matando tanto anônimos que tentam ficar lindos na mesa da lipoaspiração quanto os Michael Jacksons que lutam pela glória através de remédios contra a dor de horas de torturantes exercícios físicos?

Narcisismo epidêmico
Óbvio que, na sua ampla e incansável psiquiatrização do cotidiano, os norte-americanos já tratam a vaidade como patologia. Autora de Generation Me, a psicóloga Jean Twenge crê que a autoconfiante geração nascida a partir de 1980 - que passa horas lambendo as migalhas da própria existência entre o Facebook e o MySpace - é muito mais narcisista que as gerações anteriores.

Twenge trabalhou com o colega W. Keith Campbell no recém lançado best-seller a analisar os miolos moles dos ianques: The narcisism epidemic. Para a dupla, a coisa ficou preta e o espelho trincou - e o resultado, ora vejam, é o bode expiatório da vez, a malfadada crise econômica.

Parece meio infame, tanto quanto o transtorno obsessivo narcisista. Mas faz setnido - sobretudo para a alma norte-americana, sempre tão disposta a diagnosticar-se e tratar-se e partir para o próximo transtorno como se não houvesse amanhã, caso a doença mexa no bolso. Em entrevista à revista de educação US World Report, Campbell afirma ter comparado as pesquisas com jovens entre narcisistas e obesos: "Os resultados foram bem semelhantes", diz. Numa amostragem de 35 mil jovens, a dupla de psicólogos descobriu que 6% sofriam de transtorno obsessivo narcisista. Contudo, somente 3% das pessoas acima de 65 anos tinham esse transtorno. "Um dado a comprovar que estamos em uma epidemia fora de controle", afirma o psicólogo.

Ele enumera quatro causas: a educação dos pais, a cultura de celebridades, a mídia e o crédito barato. "Muitos pais tratam seus filhos como reis", diz. "Reality shows são altamente narcisistas, e supõe-se que sejam a vida real; neles, subentende-se que o narcisismo é algo normal". Campbell é especialmente duro com a rede. "As pessoas nunca falam que leem Guerra e Paz, de Leon Tolstói, no Myspace. Em vez disso, colocam fotos sensuais, a coleção de amigos, as músicas legais. Para piorar, crédito barato faz com que os jovens gastem para se parecerem melhores do que realmente são. Têm coisas que não fizeram força nenhuma para pagar". Claro que esse argumento financeiro tem muito a ver com a realidade americana, onde bolhas econômicas costumam ser uma rotina - mas, afinal, o mundo está cada vez mais parecido com os Estados Unidos.

Vaidosos anônimos
Provavelmente a valorização do discurso da autoestima e a febre da autoajuda são culpadas dessa apoteose ao me-achismo. Porém, como depois da tempestade sempre vem a ambulância, conforme deduziria o pensador Vicente Matheus, imagino que daqui a alguns anos a loucura narcísica dará valor à autocasca-de-banana, ao autofail: aprenderemos a puxar em público o nosso próprio tapete. (...). Esse culto desenfreado ao amor-próprio ainda vai produzir coisas estranhas... Em breve, abrirão inscrições para os Vaidosos Anônimos. Pode escrever.

Por enquanto, vamos vivendo a grande época da vaidade. A imodéstia saiu do armário e está toda serelepe (...).

Na outra ponta do estudo do narcisismo, o filósofo francês Giles Lipovetsky faz uma abordagem ao mesmo tempo eufórica e catastrófica - espelho fiel do espírito da época, a que ele nomeia de forma eloquente, ao gosto dos franceses, como A Era do Vazio. (...) Em O Império do Efêmero, Lipovetsky faz uma leitura bastante original da cultura contemporânea através da importância cada vez mais crescente da moda. Muito gaulesmente, diz que a moda - especificamente a florescida em Paris - condensa na ideia de individualidade os ideais da Revolução: liberdade, igualdade e fraternidade.

Solidão em massa
"A promoção das frivolidades só se pôde efetuar porque novas normas se impuseram, desqualificando o culto heroico de essência feudal e a moral cristã tradicional, que considera as frivolidades como signos do pecado do orgulho", afirma Lipovetsky. "Da ideia de altivez relativa à dignificação das coisas terrestres saiu o culto moderno da moda" (...). O filósofo não separa a moda - e, assim, o fascínio pelo Novo - da ideologia individualista, do culto ao bem-estar, aos gozos materiais, ao desejo de liberdade, à vontade de enfraquecer a autoridade e as coações morais, ao triunfo da ideologia do prazer.

No entanto, Lipovetsky lembra que a busca dos valores individuais traz um fenômeno ainda mais estranho que o estudado pelos senhores psicólogos acima: a "solidão em massa" refletida no número cada vez maior de suicídios. "A era da moda consumada é inseparável da fratura na comunidade e do déficit de comunicação: as pessoas se queixam de não serem compreendidas ou ouvidas, de não saberem se exprimir" - uma festa de autistas que lembra um pouco uma rave impulsionada por ecstasy, ou uma sessão furibunda de Twitter movida a banda larga.

O pensador francês sugere que vivemos um segundo momento da Era do Vazio, em que "a busca da riqueza não tem nenhum objetivo senão excitar admiração ou inveja". Nesse mundo ultracompetitivo, o Outro só faz sentido se viabilizar o sucesso do Eu. No igualmente sombrio e triunfante A Era do Vazio, Lipovetsky aproxima os conceitos de vacuidade e vaidade, vazio e Narciso: "Que outra imagem é melhor para significar a emergência de individualismo na sensibilidade psicológica, centra sobre a realização emocional de si mesma, ávida de juventude, de esportes, de ritmo? (...) O neonarcisismo é psicologia pop: a expressão sem retoques, a prioridade do ato de comunicação sobre a natureza do comunicado, a indiferença em relação aos conteúdos, a assimilação lúdica do sentido, a comunicação sem finalidade e sem público, o remetente transformado em seu principal destinatário".

Em uma imagem que resuma tudo: o meu elegante amigo observando-me superior por trás das lentes falsas, feliz da vida por enganar a si mesmo.

Texto: Ronaldo Bressane
Fonte: Revista Vida Simples (Editora Abril)

Você precisa estar no centro das atenções (médicas) se...
  • Possui senso grandioso de autoimportância (espera ser reconhecido como superior sem que tenha feito ações à altura)
  • Preocupa-se com fantasias de sucesso (poder, brilho, beleza ou amor ideal ilimitados)
  • Acredita que é especial (e que só pode ser compreendido por outras pessoas especiais ou de status elevado)
  • Precisa de admiração excessiva
  • Sente-se em posição de possuir direitos (ou seja, tem expectativas além do razoável de receber tratamento favorável ou de aceitação automática das suas expectativas)
  • Aproveita-se de relacionamentos interpessoais (manipula os demais para atingir seus próprios objetivos)
  • Não demonstra empatia (não tem disposição para reconhecer os sentimentos e as necessidades alheias ou identificar-se com isso)
  • Muitas vezes inveja os demais (e/ou acredita que os outros o invejam)
  • Demonstra comportamentos ou atitudes arrogantes ou insolentes
  • Leu este teste observando-se ao espelho (brincadeira...)

Nota da autora do blog: Infelizmente, é impossível ler essa lista sem reconhecer alguns destes comportamentos em si mesmo. E ainda mais triste que isso, é a sensação de conhecer pelo menos duas pessoas relativamente próximas a mim que poderiam ser descritas pela lista completa. E não falo apenas de adultos da minha idade, mas particularmente da nova geração de adolescentes, o que me faz acreditar na epidemia de narcisismo.

Sunday 27 September 2009

Então vá se perder

"Então vá se perder
Tudo que eu te disse
Eu nem tinha pra dizer
Os lugares parecem
Te prender ao chão
Teus pés aonde irão
Sem mim?

Então vá se trocar
Lavar o seu passado
Mudar pra não mudar
Os passos
Sapatos, pés
E tornar-te quem tu és
O mistério da sua fé
Em si

Crescer, sumir, partir, chegar
Revirar e se descobrir
Se elaborar, se transformar...

Me diz como fugir do que levamos por dentro
Me diz como fugir do que levamos por dentro

Quando
Você irá cair
Em si?

Então vá se perder
Tudo que eu te disse
Eu nem tinha pra dizer
Os lugares parecem
Te prender ao chão
Teus pés aonde irão
Sem mim?"

Ana Carolina

Wednesday 16 September 2009

"The time of my life"

Nascido em 18 de agosto de 1952 em Houston, Texas, o ator e dançarino Patrick Swayze não poderia adivinhar no começo de sua profissão como ator que se tornaria parte do imaginário popular feminino.



O personagem Johnny Castle em Dirty Dancing é um daqueles raros personagens de cinema que a maioria (se não todas) as mulheres desejam. Ele está ali, lado a lado com o Mr. Darcy, de Orgulho e Preconceito.



Ainda me lembro da sensação de assistir o filme Dirty Dancing (1987) no cinema, aqui em João Pessoa: a paixão de pré-adolescente, a vontade de dançar, começar a entender o que era desejo...

O outro personagem dos sonhos foi Sam Wheat, o personagem título de Ghost (1990). A cena de amor desse filme é uma das mais bonitas que já vi.

Apesar do sucesso com mulheres do mundo inteiro, o coração dele tinha dona. Casado com a também dançarina Lisa Niemi desde 1975, o ator escreveu uma declaração de amor para ela na sua recente biografia que ainda vai ser lançada, intitulada 'The time of my life':

"Juntos, nós criamos jornadas que foram além de qualquer coisa que pudéssemos imaginar. (...) Mesmo assim, você ainda tira o meu fôlego. Eu não estou completo até que olhe nos seus olhos. Você é minha mulher, minha amante, minha parceira e minha dama. Eu sempre a amei, eu a amo agora e para sempre vou amar ainda mais."

Após lutar contra um câncer pancreático por pouco mais de um ano, Patrick faleceu na segunda-feira, dia 14 de setembro de 2009.

Goodbye, Johnny.



"I've had the time of my life
No I never felt this way before
Yes I swear it's the truth
And I owe it all to you
'Cause I've had the time of my life
And I've searched through every open door
'Til I found the truth
And I owe it all to you"

Friday 11 September 2009

Chovendo desgraças

"O chuveiro tem temperamento. Alguns ligam, outros nos devolvem a fé.

A ducha de casa funcionava perfeitamente com exceção de um detalhe: uma gota fria no meio da enxurrada quente. Não sei de onde vinha, como vinha.

Era um pingente de lago russo.

No inverno, aquela gota gerava um maremoto de raiva. Quebrava o ritmo aconchegante do calor, desconcentrava o apetite. Eu deixava de saborear o resto da torrente para analisar sua origem intrusa, intrigado com o milagre.

De que maneira a gota furava o aquecimento?

A gota dava um tabefe e sumia. A cada dois minutos. Cronometrava, contava alto.

Mais certeira do que cuspe de calha, de ar-condicionado. Tumtum nas costas. Não havia como escapar dela. Usei touca de plástico, óculos de mergulhador, equipamentos submarinos. Não surtia efeito, o minúsculo líquido prosseguia com sua acupuntura autodidata.

Tremia ao sair do banho. Sua queda na carne retirava o luxo do banheiro vedado, trancado, com estufa. Era uma porta aberta no corpo.

Acabava com minha custosa técnica de abrir a torneira no ponto certo, sem a luz despencar. Complicado atingir o limite ideal do registro, firmar o estalido de cofre, acertar a temperatura.

Eu me preparava para a surpresa. Aumentava a sensibilidade para reconhecê-la. Fechava os poros para abri-los assustados.

Vinha como um remédio de criança, sôfrego. Uma gota de paralisia. Caía lentamente, separando as vértebras.

Foram três anos lutando contra o pingo e perdendo. Exigia uma atitude aos pais, conversava com os três irmãos e ninguém notava sua aparição. Não trocaram de aparelho. Ele permaneceu, eu é que abandonei a casa.

Minha adolescência durou menos do que o chuveiro elétrico.

Dessa guerra caseira, herdei a sina de não abandonar problemas. Se há uma dificuldade, tenho que resolvê-la no ato. Paro tudo o que estou fazendo e tento consertar. A leve irritação vira ofensa pessoal.

Não suporto uma conta em aberto, uma tarefa inacabada, uma inimizade; maltrato-me até resolver as pendências. Mas sempre existe um pedido, uma nova reclamação ou um desentendimento. Ter pressa é não ter paz.

Bastaria seguir adiante para me acostumar. Mas não, meu medo de esquecer me impede de lembrar. Fico travado, em greve, batendo na mesma tecla, insolente, insatisfeito, renitente, sem sair do lugar do incômodo.

Elimino a sensação de toda água quente que passou pelos ombros para valorizar uma bolha gélida. Faço com que todos participem de minha mobilização imaginária. Se alguém ficar de fora será mais uma gota a ser combatida.

É uma pequena pontada que transformo em dor que elevo em trauma que glorifico em incompreensão.

Interrompi vários momentos bons de minha vida pela birra com um detalhe.

O que me leva a crer que não procurava a falha, criava a falha, me dedicava para que o mal-estar prosperasse e justificasse o meu empenho na briga.

Depois do escândalo, preparava outro escândalo para compensar o despropósito da raiva. Não desistia de argumentar para sustentar o erro.

Não é fácil me desligar.

A gota acentuava tão-somente a minha frieza."

Fabrício Carpinejar
http://www.fabriciocarpinejar.blogger.com.br/

Saturday 5 September 2009

"Eu permito a todos ser como quiserem
e a mim, como devo ser."

Chico Xavier

Saturday 29 August 2009

Things to do before dying

- get a proper job and not just a sequence of scholarships
- learn how to cook wonderfully
- learn how to dance the tango properly
- visit Spain (Granada, Salamanca, Barcelona)
- visit Turkey
- see the face of my loved one when I say "you're going to be a dad"
- see the face of my dad when I say "you're going to be a granddad"
- see the face of my granddad when I say "you're going to be a greatgranddad"
- fall in love again and again with the same person
- wear a white wedding gown
- to hear my child's laugh

I wanna know when exactly I'll start ticking things off this list...
Why 'Henry' doesn't show up and tells me everything is going to be ok?

four years...

...i've spent on this road
four years trying to move on
feeling that i was walking alone

for now i just want to be ok
I don't want to feel sad anymore
I have my life, i have my friends
and i don't want to be no one's backup plan

that's how i've been feeling
a plan B, a possibility
a turn on the road
not a road by itself
not a final destination

the romantic in me tells me to wait for 'Henry'
the reality in me tells me there is no 'Henry'
but only a sequence of short stories

I don't want to be a short story
I want to be a novel
Not poetry, but prose...

Tuesday 25 August 2009

De tudo ficaram três coisas...

"De tudo ficaram três coisas:
a certeza de que estamos começando,
a certeza de que é preciso continuar
e a certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar.
Portanto, façamos da interrupção um caminho novo,
da queda um passo de dança,
do medo uma escada,
do sonho uma ponte
e da procura um encontro".

Fernando Sabino

Friday 21 August 2009

Time traveler's wife



Broken

"The broken clock is a comfort
it helps me sleep tonight
Maybe it can stop tomorrow
from stealing all my time

And I am here still waiting
though I still have my doubts
I am damaged at best,
like you've already figured out

I'm falling apart,
I'm barely breathing
With a broken heart
that's still beating
In the pain there is healing
In your name I find meaning
So I'm holdin' on, I'm holdin' on, I'm holdin' on
I'm barely holdin' on to you

The broken locks were a warning
you got inside my head
I tried my best to be guarded,
I'm an open book instead

I still see your reflection
inside of my eyes
They are looking for a purpose,
they're still looking for life

I'm falling apart,
I'm barely breathing
With a broken heart
that's still beating
In the pain there is healing
In your name I find meaning
So I'm holdin' on (I'm still holdin')
I'm holdin' on (I'm still holdin')
I'm holdin' on (I'm still holdin')
I'm barely holdin' on to you

I'm hangin' on another day
Just to see what you will throw my way
And I'm hanging on to the words you say
You said that I will be OK

The broken lights on the freeway
left me here alone
I may have lost my way now
haven't forgotten my way home

I'm falling apart,
I'm barely breathing
With a broken heart
that's still beating
In the pain there is healing
In your name I find meaning
So I'm holdin' on (I'm still holdin')
I'm holdin' on (I'm still holdin')
I'm holdin' on (I'm still holdin')
I'm barely holdin' on to you"

Lifehouse

http://www.youtube.com/watch?v=USUDlMBR-dQ

Thursday 20 August 2009

Acima do sol

""Assim ela já vai
Achar o cara que lhe queira
Como você não quis fazer
Sim, eu sei que ela só vai
Achar alguém pra vida inteira
Como você não quis...

Tão fácil perceber
Que a sorte escolheu você
E você cego, nem nota
Quando tudo ainda é nada
Quando o dia é madrugada
Você gastou sua cota...

Eu não posso te ajudar
Esse caminho não há outro
Que por você faça
Eu queria insistir
Mas o caminho só existe
Quando você passa...

Quando muito ainda é pouco
Você quer infantil e louco
Um sol acima do sol
Mas quando sempre
É sempre nunca
Quando ao lado ainda
É muito mais longe
Que qualquer lugar...

Um dia ela já vai
Achar o cara que lhe queira
Como você não quis fazer
Sim, eu sei que ela só vai
Achar alguém prá vida inteira
Como você não quis...

Se a sorte lhe sorriu
Porque não sorrir de volta
Você nunca olha a sua volta
Não quero estar sendo mau
Moralista ou banal
Aqui está o que me afligia...

Um dia ela já vai
Achar o cara que lhe queira
Como você não quis fazer
Sim, eu sei que ela só vai
Achar alguém pra vida inteira
Como você não quis..."

Wednesday 5 August 2009

"O amor é uma experiência conjunta entre duas pessoas (mas isso não significa que é uma experiência parecida para as duas pessoas envolvidas). Existe o amante e o amado, mas esses dois vêm de países diferentes.
(...)
O valor e a qualidade de qualquer amor é definido só pelo amante. É por isso que muitos de nós preferem amar do que ser amado. Quase todo mundo quer ser o amante.
(...)
O amado teme e odeia o amante e com a melhor das razões. Pois o amante está sempre tentando desnudar quem se ama. O amante deseja qualquer possibilidade de relação com a pessoa amada, mesmo que essa experiência possa lhe trazer apenas a dor".

extraído de The Ballad of the Sad Café
de Carson McCullers

Monday 3 August 2009

O ciclo da auto-sabotagem (2a parte)

Livro de Stanley Rosner e Patricia Hermes

"A escolha do parceiro do casamento é, muitas vezes, a representação da relação mal resolvida com um dos pais, aquele que não conseguiu atender às necessidades do filho. A escolha inconsciente do parceiro representa uma tentativa de "mudar aquele pai/mãe", de conseguir o amor e o carinho que faltou. O resultado se apresenta na forma de queixas do tipo: "não foi isso que eu disse", "ele não me defende". Isto, por sua vez, gera lutas pelo poder, batalhas de vontades, brigas sobre quem está certo e quem está errado. Geralmente, o que vem a seguir é aquela sensação silenciosa, mas bastante incômoda, de estar pisando em ovos, para não desequilibrar a balança.

Às vezes, há uma vaga consciência do que está acontecendo, pensamentos confusos de que o cônjuge está se comportando como o pai/mãe frustrador, mas tais pensamentos são geralmente repelidos. Porque fracassamos no reconhecimento da dinâmica da interação com o cônjuge e porque não queremos nos lembrar inteiramente do impacto prejudicial que aquele pai/mãe teve sobre nós, tendemos a repetir muitas vezes a relação. Temos a expectativa de que, da próxima vez, seremos bem-sucedidos naquilo que queremos. Vivemos com a esperança de que encontraremos, no casamento, a satisfação que não encontramos até agora.

Um outro problema é como os indivíduos reagem ao trauma. A interrupção na comunicação, apresentada de modo tão comum como a causa dos problemas nos relacionamentos, é, na realidade, parte da estrutura de defesa em resposta ao trauma. Não é apenas a interrupção na comunicação verbal, mas na comunicação emocional também. Há um entorpecimento dos sentimentos e da sensibilidade. "Se você não estende a mão para mim, por que eu devo estender a minha para você?" O resultado é que a relação baseia-se em tentativas, na qual cada indivíduo sente necessidade de pisar leve, para evitar qualquer situação incômoda ou real. Com medo de represália, medo da própria raiva, a tendência é isolar-se, calar-se tanto verbalmente quanto emocionalmente.
"Ela não fala comigo" é uma queixa comumente ouvida. Esse estado de alienação é baseado no medo de que o cônjuge se irrite se o outro expuser seus sentimentos. Esse medo também é expresso em termos de fragilidade: "não posso dizer nada, porque ela vai desmoronar, ela é tão sensível". Então o distanciamento continua e fica cada vez maior.
Não expressar sentimentos e reações em palavras, por sua vez, leva a pessoa a não expressão sentimentos em comportamentos e em reações emocionais. "Por que eu deveria dizer como me sinto? Ele não vai me ouvir. Não vai fazer a menor diferença".

Se um dos parceiros arriscar seus medos e reconhecer que a frieza é em razão da evitação da agressão ou da possibilidade de se magoar, então a barreira do silêncio pode começar a ser rompida. É necessário reconhecer que o medo da raiva e o medo da fragilidade são aprendizados trazidos de relacionamentos traumáticos anteriores. "Ela não é minha mãe, que não me defendia quando eu precisava". "Ele não é meu pai, que me fuzilava com os olhos se eu expressasse minha raiva".
Ao alcançar esse reconhecimento, é possível mudar relacionamentos atuais.

A compulsão à repetição é uma forma de traduzir em ação um trauma por meio de um comportamento destrutivo, embora quase sempre o indivíduo não tenha noção de que é exatamente isso que está fazendo.

Há uma grande diferença entre estar em situações difíceis que ocorrem sem que a pessoa tenha consciência do que está acontecendo e o reconhecimento de que há alternativas e que é possível efetivar mudanças em comportamentos de auto-sabotagem. A diferença, a diferença vital, é o reconhecimento. Freud escreveu: "Na verdade, eu sempre soube disso; só que isso não me passava pela cabeça".

Sunday 2 August 2009

O ciclo da auto-sabotagem

Livro de Stanley Rosner e Patricia Hermes

Por que repetimos atitudes que destroem os nossos relacionamentos e nos fazem sofrer


"Há uma vitória e uma derrota - a maior e a melhor das vitórias, a mais baixa e a pior das derrotas -, que cada homem conquista ou sofre não pelas mãos dos outros, mas pelas próprias mãos." ~ Platão, Protágoras


"Recebi em meu consultório um homem para quem tudo parecia correr bem. Louis era um quarentão, um homem de negócios que aparentava ser bem casado, o pai de um grande garoto, como chamava o filho de 10 anos, bem-sucedido na vida pessoal e profissional. Mas me procurou porque estava inquieto, pensando no sentido da vida. Estava tendo um caso com uma mulher que, admitiu, não amava. Mas, mesmo sem amá-la, estava prestes a deixar sua família. Ele não entendia o próprio comportamento, mas sabia que alto estava errado. Além disso, havia jurado que nunca faria com sua família o que o pai fizera com ele. Ele revelou que seu pai havia abandonado a família quando ele tinha a mesma idade do filho - 10 anos. E seu avô paterno também largou a família quando o filho tinha 10 anos. Ele estava prestes a se tornar o terceiro pai na família a abandonar a mulher e os filhos.

Encarar o ciclo de repetição é o primeiro passo para ter algum controle sobre o que a pessoa está provocando inconscientemente.

Pode parecer implausível acreditar que um indivíduo continue agindo exatamente da maneira que o faz sofrer. Concordo que seja um contra-senso. No entanto, é plausível e possível. E ocorre constantemente.

O que é importante sinalizar aqui é que essas vidas são infernizadas e destruídas pela compulsão à repetição. Por compulsão, estou me referindo aqui a um tipo de repetição menos instintiva, uma necessidade inconsciente de repetir muitas vezes um comportamento, um impulso de levar adiante um ato, não importando as consequências, mesmo que destrua a vida e a felicidade de alguém.

Existe um momento em que a pessoa consegue reconhecer essas repetições? É possível se dar conta disso e o ciclo ser rompido realmente? Acredito que as respostas a essas questões sejam "sim". Embora não seja uma tarefa fácil. Indivíduos que passaram a vida construindo uma concepção sobre si e sobre o mundo ao redor de uma determinada percepção equivocada podem ter medo de contestar aquela visão, e isto é compreensível.

É um medo real e imenso, porque envolve a única coisa que precisamos e pela qual ansiamos - o amor.

(...)
A maioria das crianças pequenas acredita que o mundo gira ao seu redor. Com o desenvolvimento normal, esse sentimento gradativamente se dissipa. Entretanto, quando certos pais colocam os filhos no meio de suas próprias vidas e também de seus próprios conflitos, esse processo normal pode ser interrompido. A consequência é que muitas dessas crianças desenvolvem um forte senso de responsabilidade, culpa e de recriminação a si mesmas. Elas recebem de herança uma consciência severa e punitiva, dúvidas sobre si mesmas e falta de confiança. Se algo vai mal com seus pais ou com sua família, acreditam que, além de ser culpa delas, é também sua responsabilidade corrigir os erros e consertar o estrago.

Sepultar sentimentos traumáticos, experiências e memórias de sofrimento acontece a muitas pessoas. Entretanto, enterrar essas experiências não significa que elas estejam mortas. Pelo contrário, elas se incorporam, tornam-se parte indelével da imagem que as pessoas têm de si. Consequentemente, a pessoa não sabe por que age de uma determinada forma, não consegue explicar. Surge uma lacuna entre o que se sente e a base de tais sensações.

A criança que vive no adulto, a criança que sepultou seu passado traumático, revive esse fato várias vezes, tentando inconscientemente dominar aqueles eventos incontroláveis. A finalidade, portanto, é facilitar a mudança, fazer com que chegue à consciência, ajudar a criança indefesa a se tornar o adulto livre, com o controle da própria vida. Com consciência e memória, esses eventos podem ser encarados de modo diferente.

Às vezes, é preciso chegar ao sofrimento para que os problemas sejam resolvidos."

Friday 31 July 2009

Na primeira manhã

"Na primeira manhã que te perdi
Acordei mais cansado que sozinho
Como um conde falando aos passarinhos
Como uma bumba-meu-boi sem capitão
E gemi como geme o arvoredo
Como a brisa descendo das colinas
Como quem perde o prumo e desatina
Como um boi no meio da multidão

Na segunda manhã que te perdi
Era tarde demais pra ser sozinho
Cruzei ruas, estradas e caminhos
Como um carro correndo em contramão
Pelo canto da boca num sussurro
Fiz um canto demente, absurdo
O lamento noturno dos viúvos
Como um gato gemendo no porão
Solidão."

Composição: Alceu Valença

Tuesday 28 July 2009

Quotes on men

It takes a woman twenty years to make a man of her son, and another woman twenty minutes to make a fool of him. ~Helen Rowland

It's a man's world, and you men can have it. ~Katherine Anne Porter

Men want the same thing from their underwear that they want from women: a little bit of support, and a little bit of freedom. ~Jerry Seinfeld

Boys will be boys, and so will a lot of middle-aged men. ~Frank McKinney "Kin" Hubbard

God gave us all a penis and a brain, but only enough blood to run one at a time. ~Robin Williams

Men are only as loyal as their options. ~Bill Maher

Many a man owes his success to his first wife, and his second wife to his success. ~Jim Backus

The old theory was "Marry an older man, because they're more mature." But the new theory is: "Men don't mature. Marry a younger one." ~Rita Rudner

The only time a woman really succeeds in changing a man is when he is a baby. ~Natalie Wood

Men want a woman whom they can turn on and off like a light switch. ~Ian Fleming

Monday 27 July 2009

Amigos

"Sabe qual é a hora que você sabe que tem um amigo... a pior possível! E nelas eu sei que sempre tenho vocês e vocês têm a mim.
Não há nada mais lindo nessa vida do que quando duas vidas se encontram e generosamente mudam o curso do que poderia acontecer caso uma não estivesse ali para a outra..."

Faço minhas as lindas palavras da minha amiga Esteff. Não consigo imaginar o que seria minha vida sem amigos.
Não ter com quem aumentar as alegrias e dividir as tristezas.
Não ter alguém em quem confiamos para contar nossos segredos e puxar nossa orelha quando necessário.
Não ter com quem rir das besteiras da vida ou um ombro amigo para chorar as mágoas.
Amigo é família escolhida a dedo.
Sem essa rede de apoio, sem o carinho dos amigos, viver seria muito difícil.

Em 26 de julho de 2009

Estou doente.
Meu corpo inteiro dói.
Como se no esforço imenso
de te esquecer
meus músculos todos
trabalhassem intensamente
na ginástica dessa separação

exercício sem fim esse,
sem repouso
sem trégua
sem descanso

exercício que dói no corpo
que dói na alma
esse de proteger o coração
de manter a mente ocupada
para que o coração se acostume
com a tua ausência

já não tenho mais a quem perguntar se anoiteceu
meu coração está tão cansado
que não vejo mais
o porquê dessa questão

Vejo com meus próprios olhos
a noite escura lá fora...

Monday 20 July 2009

O difícil

"Os homens com o auxílio das convenções, resolveram tudo facilmente e pelo lado mais fácil da facilidade; mas é claro que nós devemos agarrar-nos ao difícil. Tudo o que é vivo se agarra a ele, tudo na natureza cresce e se defende segundo a sua maneira de ser; e faz-se coisa própria nascida e contra qualquer resistência. Sabemos pouca coisa, mas que temos de nos agarrar ao difícil é uma certeza que não nos abandonará. É bom estar só, porque a solidão é difícil. O fato de uma coisa ser difícil deve ser um motivo a mais para que seja feita.
Amar também é bom: pois o amor é difícil. Ter amor, de uma pessoa por outra, talvez seja a derradeira prova e provação, o trabalho para o qual qualquer outro trabalho é apenas uma preparação. Por isso as pessoas jovens, iniciantes em tudo, ainda não podem amar: precisam aprender o amor. Com todo o seu ser, com todas as suas forças reunidas em seu coração solitário, receoso e acelerado, os jovens precisam aprender a amar. Mas o tempo de aprendizado é sempre um longo período de exclusão de modo que o amor é por muito tempo, ao longo da vida, solidão, isolamento intenso e profundo para quem ama. A princípio o amor não é nada do que se chama ser absorvido, entregar-se e se unir com uma outra pessoa. (Pois o que seria uma união do que não é esclarecido, do inacabado, do desordenado?) O amor constitui uma oportunidade sublime para o indivíduo amadurecer, tornar-se algo, tornar-se um mundo, tornar-se um mundo para si mesmo por causa de uma outra pessoa; é uma grande exigência para o indivíduo, uma exigência irrestrita, algo que o destaca e o convoca para longe. Apenas neste sentido, como tarefa de trabalhar em si mesmos (“escutar e bater dia e noite”), as pessoas jovens deveriam fazer uso do amor que lhes é dado. A absorção e a entrega e todo tipo de comunhão não são para eles (que ainda precisam economizar e acumular por muito tempo); a comunhão é o passo final, talvez uma meta para a qual a vida humana quase não seja o bastante…."

— RILKE, Rainer Maria

Friday 17 July 2009

"O amor não é a solução para os seus problemas, mas é a recompensa por você ter resolvido os seus problemas".


Débora Bloch

Wednesday 15 July 2009

"Te desejo uma fé enorme, em qualquer coisa, não importa o quê, como aquela fé que a gente teve um dia.
Me deseja também uma coisa bem bonita, uma coisa qualquer maravilhosa, que me faça acreditar em tudo de novo, que nos faça acreditar em tudo outra vez..."

Caio Fernando Abreu

Friday 10 July 2009

Fim

Nunca pensei que diria essa palavra.
E dizê-la faz com que tudo fique ainda mais real.
Não, não é isso o que eu quero.
Mas é o que eu tenho que fazer.
Dor não é o que eu passei ontem à noite, mas o que eu vou sentir daqui pra frente.
E o pior de tudo é ter perdido meu melhor amigo...

Wednesday 18 March 2009

Lista de presentes

Me perguntaram o que eu gostaria de ganhar no aniversário. Aqui vai a listinha. :)
Não está por ordem de prioridade e nem de necessidade.

- Jogo Perfil 4
http://www.americanas.com.br/AcomProd/579/2581611

- Jogo Pictionary
http://www.americanas.com.br/AcomProd/579/2206923

- Jogo Clue
http://www.americanas.com.br/AcomProd/579/2550338

- DVD O Procurado (Duplo)
http://www.americanas.com.br/AcomProd/589/2707875

- DVD Homem de Ferro (Duplo)
http://www.americanas.com.br/AcomProd/589/2568455

- DVD Horton + A Era do Gelo + A Era do Gelo 2
http://www.americanas.com.br/AcomProd/589/2598726

- Livro O Jogo do Anjo, de Carlos Ruiz Zafón
http://www.americanas.com.br/AcomProd/1472/2595854

- Livro Dona Benta: Comer bem
http://www.americanas.com.br/AcomProd/1472/125191

- Impressora HP LaserJet P1505

- Estante de livros

- Estante de cds e dvds

- Abraço dos amigos

- Trufa de cupuaçu

Saturday 7 March 2009

Defesa do doutorado


Na foto: Dr. Roger Giner-Sorolla (meu orientador), eu, Dr. Karen Douglas (examinadora interna) e Dr. Sonia Roccas (examinadora externa).


Dia 05 de março de 2009, às 10h da manhã, começou a defesa do meu doutorado. Aqui na Inglaterra, ela é chamada de "viva" e tem um formato de entrevista. Não há apresentação do trabalho (tipo powerpoint) e nem é aberta ao público, como aí no Brasil. A banca é formada apenas por duas pessoas: um examinador interno (do departamento, neste caso a Dra. Karen Douglas, ) e um examinador externo (de outra universidade, neste caso, Dra. Sonia Roccas, da Open University of Israel). O orientador é proibido de estar na sala e somos só nós três conversando por algo que pode variar entre uma hora e meia e sete, oito horas de duração.

A entrevista foi muito boa, as professoras foram ótimas e fizeram o possível para deixar o ambiente o mais informal possível. Como bons ingleses, chá e biscoitos na mesa. Também como bons ingleses, piadinhas na hora certa para relaxar o clima e não deixar tudo muito formal e burocrático. :)

O ambiente relaxado não quer dizer que elas pegaram leve comigo, mas que sabiam o quão nervosa eu deveria estar naquela situação, e tentaram me deixar relaxada para responder as perguntas da melhor forma possível.

Após três anos e meio de trabalho, e duas horas e quarenta e cinco minutos de entrevista, com pausa apenas para irmos ao banheiro (necessária depois de tanta água, chá e biscoitos), elas anunciaram que eu receberia o título oficial de Doctor of Philosophy in Social Psychology.
Depois de algumas pequenas correções na tese, é claro. ;-)

As fotos foram tiradas na pequena comemoração que meu orientador organizou imediatamente após a defesa.



Agora, é concluir o trabalho, arrumar as malas e voltar para casa.

Sunday 1 March 2009

Lucky



"JASON: Do you hear me,
I'm talking to you
Across the water across the deep blue ocean
Under the open sky, oh my, baby I'm trying

COLBIE: Boy I hear you in my dreams
I feel your whisper across the sea
I keep you with me in my heart
You make it easier when life gets hard

BOTH: I'm lucky I'm in love with my best friend
Lucky to have been where I have been
Lucky to be coming home again

BOTH: They don't know how long it takes
Waiting for a love like this
Every time we say goodbye
I wish we had one more kiss
I'll wait for you I promise you, I will

BOTH: I'm lucky I'm in love with my best friend
Lucky to have been where I have been
Lucky to be coming home again
Lucky we're in love every way
Lucky to have stayed where we have stayed
Lucky to be coming home someday

JASON: And so I'm sailing through the sea
To an island where we'll meet
You'll hear the music fill the air
I'll put a flower in your hair

COLBIE: Though the breezes through trees
Move so pretty you're all I see
As the world keeps spinning round
You hold me right here right now

BOTH: I'm lucky I'm in love with my best friend
Lucky to have been where I have been
Lucky to be coming home again
I'm lucky we're in love every way
Lucky to have stayed where we have stayed
Lucky to be coming home someday"

Jason Mraz feat. Colbie Caillat

Tuesday 10 February 2009

Slumdog millionaire



Nem sei o que dizer. O filme é lindo. Mereceu cada prêmio e cada indicação.
Faz você querer acreditar.


"Jamal Malik: I knew you'd be watching
Latika: I thought we would meet only in death.
Jamal Malik: This is our destiny
Latika: Kiss me
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Jamal Malik: If it wasn't for Ram or Allah, we'd still have a mother.
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Maman: Jamal, time has come to turn professional.
Youngest Jamal: Really?
Maman: But first, let me hear that song Darshan Do Ghanshyam, my favorite bhajan.
Youngest Jamal: [sings] Darshan Do [stops and commands] Fifty rupees!
Maman: [bewildered]
Youngest Jamal: I'm a professional now, what to do?
Maman: [laughs] Cheeky little bugger!
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Prem Kumar: A few hours ago, you were giving chai for the phone walahs. And now you're richer than they will ever be. What a player! [audience applauds]
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Prem Kumar: So are you ready for the final question for 20 million rupees?
Jamal Malik: No, but maybe its written, no?
Prem Kumar: Maybe...
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Prem Kumar: Final question for twenty million rupees, and he's smiling. I guess you know the answer.
Jamal Malik: Do you believe it, I don't!
Prem Kumar: You don't? So you take the ten million and walk?
Jamal Malik: No. I'll play.
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Middle Jamal: [seeing the Taj Mahal] Is this heaven? Middle Salim: You're not dead Jamal. Middle Jamal: What is it? Some hotel?
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Jamal Malik: When somebody asks me a question, I tell them the answer.
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Police Inspector: Doctors... Lawyers... never get past 60 thousand rupees. He's won 10 million. Police Inspector: What can a slumdog possibly know?
Jamal Malik: [quietly] The answers.
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Police Inspector: Money and women. The reasons for make most mistakes in life. Looks like you've mixed up both."

Monday 9 February 2009

Revolutionary Road



Segundo filme da dupla Kate & Leo, é um filme maduro sobre a vida no subúrbio nos anos 50. Kate mereceu cada indicação e prêmio por este filme e Leo foi injustiçado pela falta de indicações. O desespero que ele consegue passar é impressionante. Filme triste, mas que faz pensar, pelo menos um pouco, na 'hopeless emptiness".

Quotes:

"John Givings: Hopeless emptiness. Now you've said it. Plenty of people are onto the emptiness, but it takes real guts to see the hopelessness.
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April Wheeler: Tell me the truth frank remember that? We used to live by it. And you know what's so good about the truth? Everyone knows what it is however long they've lived without it. No one forgets the truth frank they just get better at lying
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April Wheeler: I wanted IN. I just wanted us to live again. For years I thought we've shared this secret that we would be wonderful in the world. I don't know exactly how, but just the possibility kept me hoping. How pathetic is that? So stupid. To put all your hopes in a promise that was never made. Frank knows what he wants, he found his place, he's just fine. Married, two kids, it should be enough. It is for him. And he's right; we were never special or destined for anything at all.
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April Wheeler: Just because you've got me safe in this little trap, you think you can bully me into feeling whatever you want me to feel!
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Frank Wheeler: Well I support you, don't I? I work ten hours a day at a job I can't stand! April Wheeler: You don't have to! Frank Wheeler: But I have the backbone not to run away from my responsibilities! April Wheeler: It takes backbone to lead the life you want, Frank.
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April Wheeler: Look at us. We're just like everyone else. We've bought into the same, ridiculous delusion.
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Frank Wheeler: I want to feel things. Really feel them.
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April Wheeler: Who made these rules anyway? "